A grande pergunta que nunca foi contestada e à qual ainda não pude responder, apesar de meus trinta anos de investigação da alma feminina, é: o que quer uma mulher?
Sigmund Freud
Morei na mesma casa a infância toda, com jardim e árvore de manacá em meio a margaridas. Meu primeiro lar de casada foi bem pequeno, com apenas um quarto. Depois de dois anos fomos para outro, de dois cômodos.
Com a chegada do primeiro filho, nos mudamos. Vieram mais duas crianças e fomos para outra residência, enorme, que tivemos condições de arrumar em detalhes. Um dia, o velho lar pareceu grande demais para uma só pessoa, eu.
Na mudança, encontrei livros que não li, álbuns de fotos inacabados, cartas e cartões e muita saudade de mim mesma. Quando terminei a arrumação, percebi que a casa estava leve, como eu me sentia. Não queria mais ir para outro lugar.
Muitas vezes precisamos da mudança física para descobrir nossa mudança emocional. Nossa casa pode ter jardim, escadas e corrimão, mas sempre será só uma casa. Nosso lar nós carregamos dentro do peito. E, se ele está feliz, não importa endereço, jardim, parede, vizinhos, ser só ou não. Morar no coração e de coração é o verdadeiro lar!
Eliana Linares
Desses milhares, desejarei algumas centenas, mas dessas centenas de mulheres, estarei sempre amando só uma. E por que essa e não outra? O que me fará ter medo de perdê-la? Que parte desse corpo, que gesto dessa mulher, que palavra?
O jeito de levar a mão à cintura? Uma mecha de cabelo que cai sobre a testa? O livro que lê sozinha na praia?
São necessários muitos acasos e uma teia de coincidências, para que eu a encontre. Enquanto isso não acontece, estou condenado a buscá-la. Em estado de suspensão, com o espírito confuso, flutuando como o mar, soprando como o vento. Sem verdades, nem palavra.
* * *
O texto (sem título) foi extraído da série televisiva Afinal, o que querem as mulheres? (episódio 2), veiculado pela Rede Globo.
Naquele dia eu senti
que seria doce ficar.
Que seria tanto despir,
O que o tempo tenta
voar...
Naquele dia eu ouvi,
que amaria até doer.
Que seria segredo sorrir,
o que dentro saliva em chorar.
Naquele dia aprendi,
que te olharia até dormir.
Que seria eterno tentar,
o que boca teima em fugir.
Naquele dia menti,
o que os olhos tentam gritar.
Em tuas mãos eu senti:
o que arranha tanto explicar...
Naquele dia fiz manha,
cantei até te expulsar...
E a vida assanha a garganta,
e o amor tenta curar...
Luciane Maria Lopes Zanata
* * *
Foto: de Eric Knoblock