Há alguns dias, terminei de ler O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini. Um livro fascinante e muito comovente. Quando acabei, fechei o livro e pensei sobre o quanto devemos botar na cabeça, definitivamente, que sempre há tempo para mudar, de tomar uma atitude e resolver alguma questão mergulhada no passado e não ficar considerando que de nada vai adiantar. Se não deu para evitar determinados deslizes, então devemos arrumar a bagunça. E se não derem o devido valor a esse conserto, paciência, tentamos e fizemos a nossa parte.
Logo no início da narrativa, em primeira pessoa, temos contato com Amir, narrador da história, e sua amizade com Hassan, filho de um empregado de seu pai quando moravam no Afeganistão (muito antes da tomada do governo pelos líderes do Talibã). Esse empregado era uma espécie de caseiro e mordomo, e por isso o contato com Hassan era muito próximo, criando uma amizade fraternal. Na adolescência os dois se separam de maneira conturbada (e injusta) em circunstâncias desagradáveis causadas pelo próprio Amir. Em alguns momentos cheguei a sentir raiva deste personagem.
O livro aborda alguns temas como amizade, lealdade, preconceito, intolerância, religião, caráter, integridade, valores morais e coragem. E também covardia – é justamente isso que Amir tem de sobra. Eis o motivo da minha raiva. Interrompi a leitura por diversas vezes, decepcionado com suas atitudes, totalmente indignado. Inclusive, optei em postar a foto acima, capa de alguma edição estrangeira, pelo fato de retratar perfeitamente um ato de covardia de Amir num momento crucial do romance. Mas nem por isso essa atitude, em particular, é incompreensível, e nem é imperdoável; é apenas inquietante, desleal e, até, desonrosa.
Teve um outro motivo que me fez fechar o livro, muito emocionado: foi quando um membro do Talibã mata um dos personagens. Eu estava tão mergulhado no livro que foi como se estivesse presenciando bem de perto, podendo ouvir a vítima cambalear no chão, foi como se eu pudesse ouvir sua respiração parar de repente, sentir o cheiro do sangue que cobria a terra...
Sinceramente, a narrativa é de uma magnitude tão excepcional a ponto de considerar que seria impossível eu não me envolver tanto. O que sentia a cada capítulo era um misto de sentimentos tão forte que decidi dar um tempo na leitura, tamanha a angústia.
Acho que acertei na decisão em não ver o filme antes de ler o livro em que foi baseado, tendo em vista o que me falaram. Poderia estragar muito desses sentimentos, eu imagino, tirando o elemento surpresa da narrativa. Sentimentos que alguns podem achar que seria bom não sentir. No entanto, por que fugir? Não há motivos para evitá-los ou ignorá-los. Pois se tratam de emoções que nos fazem perceber como devemos dar valor a tudo que vemos, ouvimos e aprendemos com a vida. E que também fazem perceber o quanto devemos aproveitar as emoções que sentimos, o quanto devemos enfrentar nossos medos, fazer valer cada segundo.
Afinal, tudo é muito rápido, num estalar de dedos podemos perder tanta coisa, e até mesmo aquela sensação que julgamos ser desagradável e indesejável pode fazer falta algum dia.
Márcio Luiz Soares
Logo no início da narrativa, em primeira pessoa, temos contato com Amir, narrador da história, e sua amizade com Hassan, filho de um empregado de seu pai quando moravam no Afeganistão (muito antes da tomada do governo pelos líderes do Talibã). Esse empregado era uma espécie de caseiro e mordomo, e por isso o contato com Hassan era muito próximo, criando uma amizade fraternal. Na adolescência os dois se separam de maneira conturbada (e injusta) em circunstâncias desagradáveis causadas pelo próprio Amir. Em alguns momentos cheguei a sentir raiva deste personagem.
O livro aborda alguns temas como amizade, lealdade, preconceito, intolerância, religião, caráter, integridade, valores morais e coragem. E também covardia – é justamente isso que Amir tem de sobra. Eis o motivo da minha raiva. Interrompi a leitura por diversas vezes, decepcionado com suas atitudes, totalmente indignado. Inclusive, optei em postar a foto acima, capa de alguma edição estrangeira, pelo fato de retratar perfeitamente um ato de covardia de Amir num momento crucial do romance. Mas nem por isso essa atitude, em particular, é incompreensível, e nem é imperdoável; é apenas inquietante, desleal e, até, desonrosa.
Teve um outro motivo que me fez fechar o livro, muito emocionado: foi quando um membro do Talibã mata um dos personagens. Eu estava tão mergulhado no livro que foi como se estivesse presenciando bem de perto, podendo ouvir a vítima cambalear no chão, foi como se eu pudesse ouvir sua respiração parar de repente, sentir o cheiro do sangue que cobria a terra...
Sinceramente, a narrativa é de uma magnitude tão excepcional a ponto de considerar que seria impossível eu não me envolver tanto. O que sentia a cada capítulo era um misto de sentimentos tão forte que decidi dar um tempo na leitura, tamanha a angústia.
Acho que acertei na decisão em não ver o filme antes de ler o livro em que foi baseado, tendo em vista o que me falaram. Poderia estragar muito desses sentimentos, eu imagino, tirando o elemento surpresa da narrativa. Sentimentos que alguns podem achar que seria bom não sentir. No entanto, por que fugir? Não há motivos para evitá-los ou ignorá-los. Pois se tratam de emoções que nos fazem perceber como devemos dar valor a tudo que vemos, ouvimos e aprendemos com a vida. E que também fazem perceber o quanto devemos aproveitar as emoções que sentimos, o quanto devemos enfrentar nossos medos, fazer valer cada segundo.
Afinal, tudo é muito rápido, num estalar de dedos podemos perder tanta coisa, e até mesmo aquela sensação que julgamos ser desagradável e indesejável pode fazer falta algum dia.
Márcio Luiz Soares
10 comentários:
Márcio,
Engraçado que começei lendo seu post de sábado( hoje) e não vi que tinha escrito esse sobre o Caçador de pipas,lendo os 2 posts percebi que esse tem uma relação com a poesia de Mario Lago.
Lindo, emocionante seu relato!
Beijos!
Olá Márcio! Faz muiiito tempo que a gente não vê e não se fala pessoalmente...mas por todas as mensagens que recebo de vc e, agora, lendo seu artigo(cheio de sabedoria) sobre o livro "O caçador...", percebo que continuamos com a mesma linha de pensamento e senso de ética. Então, caso não tenha lido, ainda, o livro "A distância entre nós" de Thrity Umrigar (indiano), aí vai a dica sobre uma história emocionante e extremamente realista. Simplesmente maravilhoso!Beijão!
Como diria Caetano..."Ou não.";0)
bj.
Alice - Valeu pelo elogio. Bacana.
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Elaine - Você me fez lembrar do livro! Mais um que vou colocar na minha extensa lista!! rs Grato pelo elogio. Demais.
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Vivinha - Ou não.
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Beijo³
Estou sem palavras de novo! Ótima resenha. Concordo com você sobre os sentimentos. Já me vi assim, sentindo falta de um sentimento que não foi bom numa certa época, mas que tempos depois considerei importante ter sentido e querendo até reviver. Também me fez falta uma determinada sensação que nunca tive: fez falta por não saber como deveria proceder a partir daquele momento, sem saber como seguir adiante, já que era uma novidade tão arrebatadora, me senti perdida, sozinha, no vazio.
Mostrei sua postagem para uma amiga que já leu o livro e diz que se sentiu assim também, como você e que o filme não transpareceu tanta emoção e "olha que o diretor tinha o recurso da imagem, poderia ter ido mais longe, ter sido mais profundo", disse ela.
Ela vai me emprestar o livro, depois te conto. Beijos
nossa! eu amo esse livro, já li duas vezes! e ver aqui a maneira como sentiu, o q vc sentiu, sua emoção, sua descrição daquele q levou o tiro (não vamos estragar a surpresa de ninguém) fez eu me identicar com vc, com td! e como vc quis dizer, temos q dar chance aos nossos sentimentos, se entregar, reviver tbem! adorei o seu comentário, menino! bjinhos samantha
Ainda não li o livro, mas pretendo, ainda mais depois de tudo o que eu li aqui, gostei da sua resenha. Não gostei muito do filme, é legal, interessante, triste, mas parece que não atingiu o ponto certo, pela maneira como você descreveu aqui como o leitor se emociona. Pode ser que eu esteja enganado, mas o filme passa longe do livro, em se tratando de deixar a gente emocionado. Tem seus momentos, mas não se aprofunda muito. Sei lá, talvez eu tenha assistido com muita expectativa. Acho que vou assistir ao filme novamente, mas só depois de ler o livro. Abraços
Bom trabalho. A editorial tería que darte un salario, pelo teu trabalho.
Já tem uma ova leitora.
Vou tomar nota e se encontro, lerei en portugués......
Um beijinho
Pronto, fiquei com vontade de lê-lo agora....hunf...justo eu que me recusei justamente para evitar o drama....acredito que agora a curiosidade tenha ganho..
bj
e obrigadapor tudo seeeempre!
cara, muito bom! com um comentário desse, quem gosta de um bom livro e ainda não leu, não vai resistir!! rs como eu por exemplo! e o melhorm de td é q já tenho ele na minha estante1 rs
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