A época de seca na Austrália havia começado, e por isso todos os cangurus saíram da floresta e se encaminharam para próximo da cidade, em busca de comida. Num sábado ensolarado, depois de dias de caminhada, chegaram a um parque muito arborizado e por lá resolveram ficar.
Justine, uma fêmea acinzentada, estava feliz de ter encontrado um lugar tão bonito para morar. No dia seguinte, seu filhote completaria um ano e, sendo assim, ele finalmente poderia sair do marsúpio. Ela estava ansiosa para ver seu filhote correndo pelo gramado do parque, mas Jonny não estava nada nada animado.
- Nãããão, mãããe. Eu não quero ir. Eu quero ficar aqui pertinho de você - dizia o filhote.
- Mas meu amor, todos os cangurus, quando completam um ano, saem do marsúpio. Você já é grande: precisa conhecer o mundo, começar a se cuidar sozinho, fazer amigos. Eu vou estar por perto - respondia a carinhosa Justine.
- Nãããão, mãããe. Nãããão, mãããe, por favor - choramingava Jonny, que tremia só de pensar em sair do seu abrigo quente e seguro.
Mãe e filho estavam conversando sobre o assunto já fazia meses, mas Jonny estava irredutível. A última esperança da mãe canguru era de que seu filhote mudasse de ideia ao ver os primos brincando no parque. E resolveu não falar mais nada. Mas ela continuava com um aperto no coração. O que ela iria fazer se ele não mudasse mesmo de ideia?
Jonny, por sua vez, também estava com o coração apertado. À medida que anoitecia e se aproximava o momento de sair do marsúpio, mais ele se encolhia, só deixando os olhinhos para fora. Que conhecer o mundo que nada! Ele amava a mãe e não queria se afastar d...
- O que era aquilo? - se perguntou Jonny, sem nem conseguir completar o pensamento. - Que coisa liiinnda - exclamou, sem ar e boquiaberto.
Um garoto fazia bolinhas de sabão, que, com o reflexo da luz, ficavam coloridas. Até parecia que cada uma delas levava um arco-íris! Mas, de repente, ... puf puf puf puf puf. As bolhas estouraram e Jonny ficou ainda mais encantado com aquele mistério.
- Mããe, o que é...
Mais uma vez não deu tempo de Jonny terminar de falar. As bolhinhas de sabão invadiram de novo o céu, como delicadas bailarinas num palco gigantesco e azul. E, sem perceber de tão maravilhado, Jonny colocou as patinhas da frente para fora do marsúpio, tentando agarrar uma bolhinha que havia resolvido passar bem perto do seu nariz.
E a dança das bolhas continuava. Elas flutuavam e se espalhavam pelo ar.
- Eu preciso dançar com elas. Eu preciso dançar com elas - repetia o filhote, que, num impulso, pulou da bolsa e rodopiou leve no ar, como se ele próprio fosse uma bolha de sabão de rabo e patas.
Mas o vento levava suas companheiras de dança para cada vez mais longe, e mesmo saltando muito alto, Jonny não conseguiu mais se juntar a elas. E então, acenando para aqueles arco-íris flutuantes, Jonny gritou:
- Sejam feliiiizes!!
E sua Justine repetiu, apoiando as mãos no marsúpio vazio:
- Seja feliz, meu filho.
Justine, uma fêmea acinzentada, estava feliz de ter encontrado um lugar tão bonito para morar. No dia seguinte, seu filhote completaria um ano e, sendo assim, ele finalmente poderia sair do marsúpio. Ela estava ansiosa para ver seu filhote correndo pelo gramado do parque, mas Jonny não estava nada nada animado.
- Nãããão, mãããe. Eu não quero ir. Eu quero ficar aqui pertinho de você - dizia o filhote.
- Mas meu amor, todos os cangurus, quando completam um ano, saem do marsúpio. Você já é grande: precisa conhecer o mundo, começar a se cuidar sozinho, fazer amigos. Eu vou estar por perto - respondia a carinhosa Justine.
- Nãããão, mãããe. Nãããão, mãããe, por favor - choramingava Jonny, que tremia só de pensar em sair do seu abrigo quente e seguro.
Mãe e filho estavam conversando sobre o assunto já fazia meses, mas Jonny estava irredutível. A última esperança da mãe canguru era de que seu filhote mudasse de ideia ao ver os primos brincando no parque. E resolveu não falar mais nada. Mas ela continuava com um aperto no coração. O que ela iria fazer se ele não mudasse mesmo de ideia?
Jonny, por sua vez, também estava com o coração apertado. À medida que anoitecia e se aproximava o momento de sair do marsúpio, mais ele se encolhia, só deixando os olhinhos para fora. Que conhecer o mundo que nada! Ele amava a mãe e não queria se afastar d...
- O que era aquilo? - se perguntou Jonny, sem nem conseguir completar o pensamento. - Que coisa liiinnda - exclamou, sem ar e boquiaberto.
Um garoto fazia bolinhas de sabão, que, com o reflexo da luz, ficavam coloridas. Até parecia que cada uma delas levava um arco-íris! Mas, de repente, ... puf puf puf puf puf. As bolhas estouraram e Jonny ficou ainda mais encantado com aquele mistério.
- Mããe, o que é...
Mais uma vez não deu tempo de Jonny terminar de falar. As bolhinhas de sabão invadiram de novo o céu, como delicadas bailarinas num palco gigantesco e azul. E, sem perceber de tão maravilhado, Jonny colocou as patinhas da frente para fora do marsúpio, tentando agarrar uma bolhinha que havia resolvido passar bem perto do seu nariz.
E a dança das bolhas continuava. Elas flutuavam e se espalhavam pelo ar.
- Eu preciso dançar com elas. Eu preciso dançar com elas - repetia o filhote, que, num impulso, pulou da bolsa e rodopiou leve no ar, como se ele próprio fosse uma bolha de sabão de rabo e patas.
Mas o vento levava suas companheiras de dança para cada vez mais longe, e mesmo saltando muito alto, Jonny não conseguiu mais se juntar a elas. E então, acenando para aqueles arco-íris flutuantes, Jonny gritou:
- Sejam feliiiizes!!
E sua Justine repetiu, apoiando as mãos no marsúpio vazio:
- Seja feliz, meu filho.
Christiane Teixeira
***
Outra grande colaboração de Christiane Teixeira, com um texto muito sensível. Mais um que não podia ficar de fora deste espaço. Irresistível.
4 comentários:
Mais um texto maravilhoso da autora. Sensível e poético na maneira de demonstrar que num determinado momento não dá mais para ficar na "barra da saia da mãe".
Adorei! a natureza sempre dá um jeito! sem esforço. beijinhos Samantha
caramba, parece q tava vendo minha irmã na história, foi mais ou menos assim q ela se desgarrou! rs texto muito bom. valeu.
Realmente, um texto sensível e que nos leva a refletir sobre o quanto pesa a decisão de uma mãe em libertar seu filho para o mundo, sabendo que é arriscado, mas que é o correto a fazer, que é assim que rege a natureza.
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