As ruas de Buenos Aires
já são minhas entranhas.
Não as ávidas ruas,
incômodas de gente e de bulício
mas as ruas indolentes do bairro,
quase invisíveis de tão usuais,
enternecidas de penumbra e de ocaso
e aquelas mais ao longe
carentes de árvores piedosas
onde austeras casinhas apenas se aventuram,
abrumadas por imortais distâncias,
a perder-se na profunda visão
de céu e de planura.
São para o solitário uma promessa
porque milhares de almas singulares as povoam,
únicas ante Deus e no tempo
e sem dúvida preciosas.
Para o Oeste, o Norte e o Sul
se desfraldaram - e são também a pátria - as ruas;
oxalá nos versos que traço
estejam essas bandeiras.
Jorge Luis Borges
já são minhas entranhas.
Não as ávidas ruas,
incômodas de gente e de bulício
mas as ruas indolentes do bairro,
quase invisíveis de tão usuais,
enternecidas de penumbra e de ocaso
e aquelas mais ao longe
carentes de árvores piedosas
onde austeras casinhas apenas se aventuram,
abrumadas por imortais distâncias,
a perder-se na profunda visão
de céu e de planura.
São para o solitário uma promessa
porque milhares de almas singulares as povoam,
únicas ante Deus e no tempo
e sem dúvida preciosas.
Para o Oeste, o Norte e o Sul
se desfraldaram - e são também a pátria - as ruas;
oxalá nos versos que traço
estejam essas bandeiras.
Jorge Luis Borges
Poema extraído do livro Fervor de Buenos Aires.
Foto de Rodolpho Oliveira.
6 comentários:
Uma bela homenagem de Borges! Nesta poesia fica claro o quanto amava Buenos Aires, o quanto amava as suas ruas. Gostei.
Beijos
linda poesia, me fez lembrar de uma cidadezinha de minas, q não lembro o nome, q certa vez visitei, com ruas tendo essas características: "carentes de arvores piedosas/onde austeras casinhas apenas se aventuram". singular. valeu, meu amigo. abraços
menino! que poema lindo!! é verdade, as ruas q vivemos são a nossa pátria, e aquelas nas quais crescemos são as nossas raízes!! perfeito! adorei! vc tá de parabéns! rs beijinhos Samantha Rangel
As ruas do centro da minha cidade,
São limpas e claras.
Já as da periferia,
Sujas e escuras.
Mas são ruas, ruas diferentes,
Em umas moram os abastados,
Nas outras moram os carentes.
Nossas ruas, nossos caminhos, por donde väo os nossos passos.
Caminhos por donde transcorre a nossa vida, e por donde levaräo o nosso corpo, depois de morto, para outra rua.
A rua da cidade dos mortos.
Beijinhos
As nossas ruas, aquelas que a gente viveu boa parte das nossas vidas, nos ensinam muito e deixam saudades. A gente amadurece, envelhece, muda e elas nunca mais serão as mesmas em nossas vidas. No entanto, fazem parte delas e para sempre ficarão guardadas em nossos corações e lembranças. Bela escolha. Abraços
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