domingo, 22 de novembro de 2009

Planos






“A vida acontece quando você está ocupado fazendo outros planos”.
John Lennon


Não sou um primor de organização, mas gosto das coisas certas, de uma certa arrumação, de ver os objetos no seu devido lugar e acho saudável fazer planos para o futuro. Como muita gente.

Vários dos planos que fiz da minha vida para este ano deram errado. O pior é que fiz poucos planos! Isso é normal, dependendo de certos parâmetros estabelecidos, sempre existe a possibilidade de algo dar errado e seria surpreendente se tudo desse certo. E nem é preciso lembrar de Murphy. Quando quebrei o pé e tive que ficar em casa me recuperando, vi escorrer pelo ralo do inconformismo, a cada semana, a cada dia, a cada hora [oh, Deus!], muita coisa que havia planejado para este ano. Inclusive do próximo ano – o que me deixou mais estressado.

Como o ano ainda não terminou, vou me esforçar e torcer para que alguns daqueles planos dêem certo. Sou otimista por natureza, não costumo pintar um quadro desesperador, mas quando vejo que muitas coisas fogem do meu controle, começo a vislumbrar o pior. Dura pouco. Porém, nem deveria acontecer. O que me consola é que tudo não passa de uma reação natural do ser humano. A gente se arma perante os acidentes de percurso e nem sempre consegue apenas se lamentar, sem esbravejar, sem xingar o mundo todo. No entanto, é exatamente no momento de extremo pessimismo, quando me vejo mergulhado num lago de desesperança, acuado, que vejo a bóia da realidade na superfície e a agarro me fazendo acreditar que nem tudo está perdido. Ainda bem. Só que nessa altura do campeonato, a gastrite já tomou conta do pedaço!

De qualquer forma, com o tempo me recupero bem e chuto o balde. Neste ponto, paro de planejar os meus passos (ou a grande maioria deles), deixo que muita coisa aconteça e no final acabo vendo que foi a escolha certa.

O estranho de tudo isso é o fato de tornar a acontecer ano a ano, se repetindo e parece que nunca aprendo. Faço planos, alguns não dão certo, nem me importo tanto; outros não dão certos também, mas me estresso pacas, me aborreço, fico mal, para depois apertar o botão do “nem te ligo” e o resultado final acaba sendo positivo. O ano rendeu. Apesar das perdas.

Respeito muito o Senhor Destino, mas sou daqueles que acreditam que somos nós que temos as rédeas, que optamos por um ou outro caminho e, inclusive, por deixar a coisa rolar livremente. E por decidir deixar as coisas acontecerem, mesmo ficando na mão do destino, é que vejo o quanto a vida pode preparar algumas boas surpresas. Contando com uma ajudinha da sorte, habitando em algum canto junto com as chances e os planos, e me confortando em saber que não posso saber de tudo.

Assim, vou escrevendo o roteiro da minha vida, sem saber qual será o final. Apenas que terá um fim.


* * *
[Ilustração de Mark Kostabi, “The Big Drawing” (1991)]

3 comentários:

Ana disse...

Acho interessante como você escreve sobre si mesmo e como me identifico. Cada vez mais. No texto de hoje, me vi repetindo as mesmas coisas de sempre, tropeçando, aprendendo, sim, mas as elas voltam e acontece tudo de novo, de um jeito diferente, porém, acontecendo. Claro que a cada plano desfeito, identificado o problema, volto a planejar de uma forma diferente e a chance de acontecer o que planejei aumenta, nem que seja um bom tempo depois. Pelo que entendi, com você também é assim. Sabe que não adianta seguir tudo direitinho, que num determinado momento algo vai dar errado e que novamente deixará a cargo do destino e o que que deve ser, será, mas mesmo assim, segue a mesma rotina de planos para o futuro. E o que seria de nós sem esses planos, sem objetivos, sem metas?
Beijos

Marcello BBlanc disse...

Cara, concordo totalmente com a Ana, do comentário anterior, o q seria de nós sem nossos planos? quem não tem objetivos é um alienado, até certo ponto. quem não precisa mais fazer planos, só resta viver a vida, mas deve ser um velhinho aposentado ou uma pessoa sem perspectiva de uma vida melhor. tbem concordo com as suas colocações, me fazendo refletir sobre as minhas metas. ainda é cedo pra fazer um apanhado de 2009, mas muita coisa já foi por água abaixo! rs e de fato, deixar as coisas acontecerem, sempre temos boas surpresas, mesmo q no meio das ruins, se destacam e superam. e q encerramento, hein, meu amigo? demais! rs abração

Mantha disse...

outro dos seus desabafos e jeito de ser, simples e sincero. q bom q pensa e leva a vida assim, com planos e sem planos, deixando a cargo do destino aquilo q não pode ser decidido por vc. maravilha! e parabéns!! bjos