Numa noite cheia de surpresas
Sinto que devo uma
Sinto que devo todas
Calei-me diante de uma situação
Fonte de expectativas nulas
O resto é sensação
A sensação deixa restos
Rasgou-se em mim uma nova era
Surgindo em meio a conflitos e ansiedades
O resto é decisão
E a decisão também deixa restos
Nunca esquecido e sempre abandonado
Anulo-me perante a decisão que o resto de mim adiou
Ou o que o pior de mim permitiu
Culpo-me por ser implacável comigo mesmo
Exceto por amor e por prazer
Sempre clamando por atenção
Sou dono de um coração aflito que não suporta queixas
Apenas do que de mim restou
O resto é óbvio
Mas que ironia: o óbvio não deixa restos!
Márcio Luiz Soares
* * *
Depois de um tempo de abandono, um poeminha vem bem a calhar. Claro que pra mim.
Tudo começou num agradecimento a uma amiga - algumas poucas e sutis palavras que anotei em sua agenda. O resto (ou “Restos”) foi o que ficou me martelando dentro do carro de volta pra casa. Deu nisso.
* * *
Ilustração: Remains of the Day, de Petervanallen
5 comentários:
Até que enfim! Pensei que o amigo fosse nos abandonar! Linda sua poesia, vem lá de dentro do coração, com sentimento. Parabéns, como sempre. Valeu esperar e sempre me faz pensar, pensar nas sensações que ficam quando algo não acontece, ou ainda, não como imaginávamos ou gostaríamos, deixando uma frustração... quando nos “calamos”, temos o péssimo costume de nos culpar, mas esquecemos que o silêncio também é “sabedoria”. Quando adiamos, lá no fundo há uma dúvida, uma insegurança. Quando chega a hora, quando temos a certeza, a convicção de que a atitude a ser tomada é a melhor, estamos imbuídos de uma “força”, que joga qualquer sensação negativa para o espaço, ficando apenas a de "Ufa!!! Que alívio!!! Demorei, mas consegui!!!".
Não devemos nos culpar por termos dúvidas, com calma e serenidade conseguimos tomar decisões que ao final, quando pesarmos na balança, o saldo positivo seja maior que o negativo. Dos “restos” também podemos extrair muito aprendizado, muito amadurecimento.
Um beijão, não nos abandone NUNCA!!! Rô
meu querido, amigo! q bom tê-lo de volta por aqui! sabe, com um comentário tão bom e tão interpretativo da Rosangela, nem preciso mais fazer as minhas interpretações das suas poesias, é só ler o comentário dela! ela foi bem mais fundo do q eu! e concordo plenamente com ela. em td. belo poema, tão belo qto vc é por dentro, meu amigão. abração e vê se não some mais, po!
Lindo Poema, Márcio!
beijos
Oi, Márcio, quanto tempo! rs
Gostei do poema...
Beijos!
Gabi.
Sodade de vc, dos poemas, dos encontros, dos bate papo, então...quando vamos nos ver??? Bjãooo
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