domingo, 28 de março de 2010

Restos





Numa noite cheia de surpresas

Sinto que devo uma

Sinto que devo todas


Calei-me diante de uma situação

Fonte de expectativas nulas

O resto é sensação


A sensação deixa restos


Rasgou-se em mim uma nova era

Surgindo em meio a conflitos e ansiedades

O resto é decisão


E a decisão também deixa restos


Nunca esquecido e sempre abandonado

Anulo-me perante a decisão que o resto de mim adiou

Ou o que o pior de mim permitiu

Culpo-me por ser implacável comigo mesmo

Exceto por amor e por prazer

Sempre clamando por atenção

Sou dono de um coração aflito que não suporta queixas

Apenas do que de mim restou


O resto é óbvio


Mas que ironia: o óbvio não deixa restos!



Márcio Luiz Soares


* * *
Depois de um tempo de abandono, um poeminha vem bem a calhar. Claro que pra mim.

Tudo começou num agradecimento a uma amiga - algumas poucas e sutis palavras que anotei em sua agenda. O resto (ou “Restos”) foi o que ficou me martelando dentro do carro de volta pra casa. Deu nisso.

* * *
Ilustração: Remains of the Day, de Petervanallen

5 comentários:

Rosangela O Araujo disse...

Até que enfim! Pensei que o amigo fosse nos abandonar! Linda sua poesia, vem lá de dentro do coração, com sentimento. Parabéns, como sempre. Valeu esperar e sempre me faz pensar, pensar nas sensações que ficam quando algo não acontece, ou ainda, não como imaginávamos ou gostaríamos, deixando uma frustração... quando nos “calamos”, temos o péssimo costume de nos culpar, mas esquecemos que o silêncio também é “sabedoria”. Quando adiamos, lá no fundo há uma dúvida, uma insegurança. Quando chega a hora, quando temos a certeza, a convicção de que a atitude a ser tomada é a melhor, estamos imbuídos de uma “força”, que joga qualquer sensação negativa para o espaço, ficando apenas a de "Ufa!!! Que alívio!!! Demorei, mas consegui!!!".
Não devemos nos culpar por termos dúvidas, com calma e serenidade conseguimos tomar decisões que ao final, quando pesarmos na balança, o saldo positivo seja maior que o negativo. Dos “restos” também podemos extrair muito aprendizado, muito amadurecimento.
Um beijão, não nos abandone NUNCA!!! Rô

Marcello BBlanc disse...

meu querido, amigo! q bom tê-lo de volta por aqui! sabe, com um comentário tão bom e tão interpretativo da Rosangela, nem preciso mais fazer as minhas interpretações das suas poesias, é só ler o comentário dela! ela foi bem mais fundo do q eu! e concordo plenamente com ela. em td. belo poema, tão belo qto vc é por dentro, meu amigão. abração e vê se não some mais, po!

Egle Villanova disse...

Lindo Poema, Márcio!
beijos

Gabriela Angeli disse...

Oi, Márcio, quanto tempo! rs

Gostei do poema...

Beijos!
Gabi.

Pequena disse...

Sodade de vc, dos poemas, dos encontros, dos bate papo, então...quando vamos nos ver??? Bjãooo