terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Alter ego





Bill (David Carradine) atira um dardo com o soro da verdade em Beatrix Kiddo (Uma Thurman). Enquanto a droga não faz efeito, ele conversa com ela sobre o seu personagem de HQ favorito.


Bill - Como você sabe, eu gosto muito de revistas em quadrinhos. Especialmente aquelas sobre super-heróis. Considero toda a mitologia envolvendo super-heróis fascinante. Veja meu super-herói favorito, o Super-Homem. Não é uma ótima revista, não foi bem desenhada, mas a mitologia... A mitologia não só é ótima, é única.

Beatrix - Quanto tempo esta merda leva para fazer efeito?

Bill - Uns dois minutos. O bastante para eu concluir meu raciocínio. Daí que a base da mitologia do super-herói é que há super-herói e há o alter ego. Batman, na verdade, é Bruce Waine. O Homem-Aranha é Peter Parker. Quando o personagem acorda de manhã ele é Peter Parker. Ele tem de vestir uma fantasia para se tornar o Homem-Aranha. E é por causa desta característica que o Super-Homem se destaca. O Super-Homem não se tornou Super-Homem. O Super-Homem nasceu Super-Homem. Quando o Super-Homem acorda, ele é o Super-Homem. O alter ego dele é Clark Kent. A roupa dele, com um grande “S” vermelho, é feita do manto que o envolvia quando os Kents o encontraram. Aquela roupa é dele. O que Kent usa, os óculos, o terno executivo, essa é a fantasia. Essa é a fantasia que o Super-Homem usa para viver entre nós. Clark Kent é como o Super-Homem nos vê. E quais são as características de Clark Kent?

Beatrix - Ele é fraco...

Bill - Ele é inseguro, ele é um covarde. Clark Kent é a crítica do Super-Homem de toda a raça humana.


Diálogo extraído do filme Kill Bill – Volume 2, de Quentin Tarantino.

Um comentário:

Margô disse...

Gostei, muito interessante!! Márcio, assisti o filme mas não me lembro deste diálogo.

Acabei por ler para meu filho e ele também não se lembra, resultado: vamos os dois assistir o filme novamente.