Janeiro é o primeiro mês do resto de um ano que certamente será de turbulência e transformação, riso e lágrima, avanço e retrocesso, tempestade e seca, denúncia e pizza, prazer e desamor, mergulho e vôo cego. Será? O ano mal começou, e já faço previsões. Somos viciados nelas. Posso deixar para depois a lista de como o ano será? Pois assim é janeiro, o melhor mês do calendário: esperanças renovadas, promessas estabelecidas e, para a grande parte, férias de verão. Portanto, o depois pensamos depois.
Janeiro é alegre, como um comercial de cerveja. Aliás, todos os comerciais de cerveja retratam o primeiro mês do ano? As mulheres parecem sorrir
Em janeiro não se aprende nada. Fica tudo para depois do Carnaval. Em janeiro, ninguém faz nada. Me confundo. Em janeiro não fazemos nada? Fazemos. O mínimo.
Janeiro já começa com um feriado. Que parece durar 31 dias. É o mês em que todos os dias são sábado. Todos os sábados têm cara de janeiro. O mês lembra um mar sem vento, um céu sem nuvens. Parece meio-dia para os bichos. Recupera-se o que perdeu no anterior, ganha-se fôlego, apagam-se as arestas. Os ressentimentos ficam esquecidos. Em janeiro prometemos de tudo. Parar de fumar, prometem os fumantes. Fazer mais exercícios, prometemos todos. Ficar mais tempo em casa (os estressados). Menos tempo em casa (os sedentários). Prometemos também coisas banais, como aprender sobre vinhos, a cozinhar, a pescar. Janeiro é como uma piscina sem ondas, um livro fechado, um presente ainda embrulhado.
Em janeiro é como o ano deveria ser, ou como a vida poderia ser: com aquela vontade de dessa vez acertar. De dia, uma rede, um olhar perdido, uma sede, uma sombra, no máximo um sorvete. De noite, que calor, gente na rua depois da chuva, vivendo o começo de um novo tempo, aliás, temporada. Ironicamente, quem mais trabalha em janeiro é o povo que prepara o carnaval.
Como é feliz este mês. Eu amo janeiro. Ele é dourado como o sol. Reluz alegria. É o bebê de todos os meses. É a infância de todos os anos. Em janeiro, somos todos crianças engatinhando para os degraus de fevereiro, março, abril… Em janeiro, não temos medo de viver.
Marcelo Rubens Paiva
4 comentários:
Bela forma do Marcelo ver o mês de Janeiro,ele quase me convenceu a pensar como ele!
Eu já vejo Janeiro como o mês do IPVA, IPTU da conta do cartão de crédito que neste mês vem ENORME por conta dos exageros do final de ano,e por aí vai...
E só para complementar as palavras do Marcelo, quem mais trabalha em Janeiro é o povo que prepara o Carnaval e o povo que trabalha na Contabilidade.rss
Márcioooo,
meus meses preferidos(sei que não te interessa, mas quero falar)são: Maio e Dezembro, vou ver se escrevo algo dedicado à eles, como você fez para o mês de Dezembro e o Marcelo para Janeiro.
Acho que eles merecem, não é mesmo?
Beijos
Oi, Maggie. [ou Margô]
Você deve escrever algo dedicado aos seus meses preferidos, sim!
Eu também tenho preferência por dois meses, em especial: novembro e janeiro. Novembro, por ser o mês do meu aniversário, momento muito significativo pra mim, mas não é só por isso - algo acontece em novembro que me deixa de bem comigo. Janeiro tem algo transformador, que me levanta o astral, fico mais receptivo em tudo, sinto que aproveito meu tempo como em nenhum outro momento da vida. Talvez influenciado pelo verão, pelo astral das férias, nem sei explicar direito.
Dezembro é o mês que faço um balanço da minha vida, do ano que está acabando. Porém, a postagem que fiz sobre o mês de dezembro de 2009, em particular, foi mais como um desabafo, um mês que desejava tanto chegar para fechar o ciclo de um ano muito atribulado. Na verdade, homenageei duas coisas: o encerramento de um ciclo que tanto desejava e o mês de dezembro de 2009, pois ele teve um significado muito especial naquele ano.
Espero postar suas homenagens por aqui, ok?
Beijo
Será um prazer ver um texto meu publicado no seu blog. Mas isso demooooooora.rss
Beijos
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