Certa feita, um homem
esbaforido, achegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos ouvidos:
- Escuta, na condição de teu
amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te, em particular.
- Espera! - ajuntou o sábio
prudente. - Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos?
-Três crivos?! – perguntou o
visitante, espantado.
- Sim, meu caro amigo, três
crivos. Observemos se tua confidência passou por eles. O primeiro é o crivo da
verdade. Guardas absoluta certeza quanto àquilo que pretendes comunicar?
- Bem - ponderou o interlocutor
- assegurar mesmo, não posso. Mas ouvi
dizer e… então…
- Exato. Decerto peineiraste o
assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real o que julgas
saber, será pelo menos bom o que me queres contar?
Hesitando, o homem replicou:
- Isso não!… Muito pelo
contrário…
- Ah! – tornou o sábio – Então
recorramos ao terceiro crivo: o da utilidade. E notemos o proveito do que tanto
te aflige.
- Útil? – aduziu o visitante
ainda agitado. – Útil não é…
- Bem – rematou o filósofo num
sorriso - se o que tens a confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil,
esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos sem
edificações para nós.
* * *
E você? O que você conta por
aí é realmente verdadeiro, bom e útil?
***
Imagem: de Atila Naddeo (2007) –
Blog Olhares
Um comentário:
Simplesmente maravilhoso!! Adorei, menino!! Bjnhos
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