sábado, 23 de fevereiro de 2013

Adam and dog




O brilhante curta-metragem Adam e Dog é uma verdadeira obra-prima da animação. Nele, tudo parece ter mais coração do que muitos filmes que eu vi ultimamente. É uma experiência artística cinematográfica que não deve ser desperdiçada.

Adão criou o vínculo homem/cão em primeiro lugar? Vai saber. De qualquer forma, este filme procura mostrar claramente que ambas as espécies, desde os primórdios da humanidade, tinham algo a oferecer um ao outro: a amizade.

Eis mais um ótimo curta criado especialmente para comover e emocionar e cheio de sacadas sutis. Nem uma palavra é dita nessa trama inteligente, a menos que você considere os latidos do animal. O silêncio ajuda a criar a serenidade do mundo edênico do filme, e tudo é contado sem esforço por meio de atos, gestos e expressões faciais. Assim que o cão se depara com Adam, ou Adão, a gente percebe que está se contando uma versão da história do primeiro cão do mundo e seu relacionamento no Jardim do Éden e, no fim, fica claro por que os cães são tão especiais para a humanidade. Mas a melhor sacada é a expulsão do Jardim do Éden e o quanto o cão é fiel nesse momento.

Contar boas histórias é uma arte extremamente sutil. Mesmo com a palavra escrita não é tão simples quanto se pensa. Contar boas histórias é muito mais que descrever situações e passar informações precisas. O narrador deve decidir, além de qual será a melhor forma de estabelecer detalhes sobre os personagens, como criar tensão narrativa e continuar contando a história sem se perder, sem deixar a peteca cair. E esse curta é assim, de forma bem eficiente cria um mundo e estabelece o amor entre dois personagens, em menos de 15 minutos, num ritmo absolutamente sem pressa e nem por isso a gente perde o interesse, e nem imagina o que, afinal, vai acontecer. Nem mesmo que pode se surpreender. E se caso acertar o final, vai gostar muito mais.

Os curtas-metragens são impressionantes, pois permitem aos seus produtores e cineastas a oportunidade de ser diferentes e experimentais, sem o custo de um filme de longa-metragem e garantindo um bom entretenimento e diversão a nós, meros espectadores. E o espectador que se desarmar de certos conceitos ou de preconceitos vai sentir o quanto esse curta é deslumbrante e poderoso.


Márcio Luiz Soares


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