sábado, 31 de dezembro de 2011

Mais um ano de sonhos





Um novo ano está começando, um novo ciclo se inicia, retornam e revigoram-se os pedidos de paz, saúde, compreensão, amor e prosperidade - tudo isso é muito importante. Mas também deseje para si continuar a sonhar e a buscar a realização dos seus sonhos, para que, assim, tenha sempre muitos motivos para ser feliz!

Feliz 2012 pra você, navegante!


Márcio Luiz Soares

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Imagem de Caio Mosca Pantarotto

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Deixe para trás



Por enquanto é só. E nem precisa mais.

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Imagem de Caio Mosca Pantarotto.
[clique na imagem para ampliar]

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Espelho





"O que é um espelho? É o único material inventado que é natural. Quem olha um espelho, quem consegue vê-lo sem se ver, quem entende que a sua profundidade consiste em ele ser vazio, quem caminha para dentro de seu espaço transparente sem deixar nele o vestígio da própria imagem - esse alguém então percebeu o seu mistério de coisa."


Clarice Lispector
Extraído do livro Água Viva.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Aos homens do nosso tempo






Senhoras e senhores, olhai-nos.
Repensemos a tarefa de pensar o mundo.
E quando a noite vem
Vem a contrafacção dos nossos rostos
Rosto perigoso, rosto-pensamento
Sobre os vossos atos.

A muitos os poetas lembrariam
Que o homem não é para ser engolido
Por vossas gargantas mentirosas.
E sempre um ou dois dos vossos engolidos
Deixarão suas heranças, suas memórias

A IDEIA, meus senhores

E essa é mais brilhosa
Do que o brilho fugaz de vossas botas.

Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga.

A IDEIA é ambiciosa e santa.
E o amor dos poetas pelos homens
é mais vasto
Do que a voracidade que nos move.
E mais forte há de ser
Quanto mais parco

Aos vossos olhos possa parecer.


Hilda Hilst
[Poemas aos homens do nosso tempo – I - homenagem a Alexander Solzhenitsyn]

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Para quem estava sentindo falta por aqui de uma poesia profunda, marcante e muito significativa, nada como essa da Hilda Hilst pra esse finalzinho de ano - período de reflexão e balanços da vida tão atribulada em que vivemos.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Papai Noel - the day after





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Ilustração de Ivan Jerônimo

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Aviso aos navegantes: que o seu Natal seja, ou tenha sido, cheio de paz, harmonia e de muita integração com amigos e familiares. E se não receber o presente que tanto deseja, se ganhar algo que nem sabe o que fazer com ele, não se importe, afinal alguém se preocupou contigo, se lembrou de você. Na verdade, o mais importante é a alegria e a oportunidade de poder se reunir, nesse dia tão especial, com as pessoas que tanto estimamos e amamos.

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Veja o vídeo da campanha publicitária de Natal de uma rede de lojas britânica, é muito surpreendente. 


Tradução do final da campanha: "Para os presentes que você não pode esperar para dar".

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Papai Noel arrebentando




Papai Noel big rider

Fala aí, brodá!!

O Claus é cascudo, é cheio de pegar onda em back side, cheio de querer fazer manobra cavada, não tem nada de cabrerão ou maroleiro, não!

O cara é meio cabuloso, mesmo numa vaca, ou quando dá um caldo, depois duma jaca ferrada, se abre todo!

Nem quando era haole, numa crowd, sempre foi massa, da tribo mesmo, sem kaô, sem pala, nunca foi prego ou pipocou e de uns tempos pra cá tá mais free surfer, dando o maior stryle!

Faz tempo que não faz uma drop ou uma leque, mas faz uma cut back sensacional, tanto quanto uma front side ou uma floater numa glass, ou mesmo uma grab rail, manja?

O estranho é que nessa foto aí ele tá num flat... mas tá limpo.

Saca o estilo do cara! Aeeee, arrebentou Santa!


Márcio Sclinder

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Não entendeu merda nenhuma? Google save!

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Ilustração de Ivan Jerônimo.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A magia do seu sorriso





O seu sorriso é capaz de provocar reações que nem você imagina!

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Imagem editada por Caio Mosca Pantarotto.

sábado, 10 de dezembro de 2011

O Palhaço





Um amigo convidou-me a ver o filme, sobre o qual sabia pouca coisa a não ser um pedaço de uma entrevista de Marília Gabriela com Selton Melo, que vi numa zapeada rápida num fim de noite e que me instigou a querer saber mais.

Gosto das coisas que Selton Melo faz. Divirto-me às terças-feiras com a tal “Mulher invisível”, de sua direção, onde dá pra captar um jeito diferente de mostrar situações banais, engraçadas, mas reais.

Selton superou-se neste filme. Mostrou-se dono de uma sensibilidade sem igual e aprisiona o telespectador fazendo com ele uma conexão de sintonia fina. Logo me lembrei de “Noites de Cabíria” (Fellini) com Giulietta Masina. Aquele realismo intimista que nos pega de surpresa, e nos atinge.

Apesar dos palhaços, o filme me causou tristeza. E é nesta antítese, creio eu, que reside toda sua beleza.

A simplicidade comovente das personagens, do cenário, das locações; um Brasil que nos esquecemos que ainda existe em algum ponto do mapa convivendo lado a lado com a modernidade das metrópoles.

Aquele cenário mineiro com as serras azuladas, contornando o horizonte... os campos... as casas pobres. Pobres, não, miseráveis. A caipirice bonita e singela dos excluídos que ainda são tantos me levou a Guimarães Rosa e sua frase que amo: “... Dá-me um silêncio e eu conto”.

Tocante, pelo menos pra mim, foi a preocupação do personagem com a necessidade do outro; ora era o sutiã que a gorda senhora precisava que não lhe saía da cabeça, e tentava consegui-lo das formas mais esdrúxulas; ora, era o ventilador que lhe ocupava os pensamentos como num delírio.

Um filme que conseguiu se impor com poucas palavras, sem “purpurina” alguma, o que desmente a canção de Gil: ”quanto mais purpurina, melhor”. Nenhum efeito especial tão em moda, que faz o delírio de Hollywood. Apenas um sentimento dramático, intenso, imenso, permeava entre as personagens, tanto quando estavam tentando viver com dignidade de sobreviventes, “suas próprias vidas”, em suas casas de lona, ou quando se travestiam escondendo seu verdadeiro eu nas máscaras de suas “personas,” e entravam em cena. O olhar, o jeito de falar, o sorriso ou o choro, o tom da voz denotavam uma carga grande de dramaticidade em meio à simplicidade.

Aqueles encontros após o espetáculo, quando sozinhos, ou aos pares amorosos, cantavam, riam, brincavam ao som de um violão solitário, foi aprisionador para a sensibilidade de qualquer mulher intuitiva. Donde concluí que a felicidade independe de hora e lugar. Só depende de instantes. E cada qual consegue segurar o seu quinhão seja a que preço for, mesmo que por momentos.

Aquela lona rota, as roupas meio esfarrapadas, a falta de “glamour” contrastavam com a garra, a coragem, a lealdade, a amizade. Contrastou, também, em meio a tanta grandeza, a safadeza da mulher que enganosamente pensava estar trapaceando o homem que a amava. Que engano. Trapaceou-se a si própria.

É o tal feitiço virando contra o feiticeiro.

Engraçado, como o coração humano se acostuma com situações as mais perversas. Isto se aplica a todas as fases, épocas e meandros da vida.

Aquele sol escaldante, aquela estrada poeirenta, aquele caminhão caindo aos pedaços, os diferentes sonhos dentro de cada coração, a luta pelo existir, pelo simplesmente ser, onde o ter não ocupava qualquer resquício de espaço.

Sempre alguém querendo se aproveitar da situação e tirar algum proveito. O prefeito que queria fazer do filho um “Olavo Bilac” das Gerais, o fiscal da prefeitura que queria ingressos de graça. Um agir bem “macunaíma", bem ao espírito do caráter brasileiro.

Não sei explicar direito, mas esse bater de frente com toda essa realidade que agora nos foge à vista, mas, até alguns anos atrás, tão comum no interior do país, me deixou mexida. Apesar das risadas que dei com algumas situações, saí triste do cinema.

E acabei me lembrando da célebre frase de John Donne: “Por quem os sinos dobram”? Eles dobram por mim mesma.

Maldita lucidez!


Ercília Pollice

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Este filme me tocou profundamente. Selton Mello teve como principal objetivo, na criação do roteiro e na direção segura, tocar o âmago de cada espectador. Com certeza ele não conseguiu o seu intuito com a grande maioria, pois este tipo de sensibilidade, precisa e interpretativa, é reservada para um determinado grupo.

A minha amiga Ercília, autora do texto, faz parte deste grupo, pois exaltou o filme com muita propriedade, de forma aguçada, pertinente e coerente com a narrativa da película, que é a de mostrar a realidade dos artistas circenses de outrora e de hoje. Além de procurar mostrar, também, as esperanças, os erros e acertos, as perseveranças, e, principalmente, as tristezas que, obrigatoriamente ou não, estes artistas dividem com a comicidade. Decidiram viver divertindo e alegrando os outros, e assim, simplesmente vivem.

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Hoje, 10 de dezembro, é comemorado o Dia do Palhaço, parabéns a estas pessoas que preenchem as vidas das crianças de uma encantadora alegria.

Márcio Luiz Soares