sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Muito tudo!





Pra você que veio dar uma espiadinha por estas bandas (acidentalmente ou não), desejo que saúde, paz, harmonia, alegria, carinho, felicidade e amor, sejam os presentes que você vai dar e receber durante o ano todo.
Vida longa e próspera. E que a Força esteja contigo. Sempre.

Márcio Luiz Soares
* * *
Edição da imagem: Matheus Castro.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

domingo, 26 de dezembro de 2010

Desafios da Lua





Mais uma vez a Lua
Desafia meu olhar

Um eco destila meu pensamento no vazio

A saudade desata as cordas
Da voz que canta meu nome
Da pele que me aquece
Do aperto que me liberta

Tudo tão distante...

Essa Lua! Ah, essa Lua!
Desafia minha reação

A Lua que com sua luz me persegue
Desafia minha resistência
Minha desistência
Minha abstinência

Angustia e me acorda
Não basta

Meu bem!
Estou assim
Dá um fim


Márcio Luiz Soares

* * *
Foto de Hélio Borges Mattos (maio/2009)

sábado, 25 de dezembro de 2010

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A mente de Tarantino

Uma viagem na mente do cineasta Quentin Tarantino. Eis um interessante curta-metragem com os ótimos Selton Melo e Seu Jorge. Sei de gente que se tornou fã do cara depois que assistiu este curta... rs



terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Alter ego





Bill (David Carradine) atira um dardo com o soro da verdade em Beatrix Kiddo (Uma Thurman). Enquanto a droga não faz efeito, ele conversa com ela sobre o seu personagem de HQ favorito.


Bill - Como você sabe, eu gosto muito de revistas em quadrinhos. Especialmente aquelas sobre super-heróis. Considero toda a mitologia envolvendo super-heróis fascinante. Veja meu super-herói favorito, o Super-Homem. Não é uma ótima revista, não foi bem desenhada, mas a mitologia... A mitologia não só é ótima, é única.

Beatrix - Quanto tempo esta merda leva para fazer efeito?

Bill - Uns dois minutos. O bastante para eu concluir meu raciocínio. Daí que a base da mitologia do super-herói é que há super-herói e há o alter ego. Batman, na verdade, é Bruce Waine. O Homem-Aranha é Peter Parker. Quando o personagem acorda de manhã ele é Peter Parker. Ele tem de vestir uma fantasia para se tornar o Homem-Aranha. E é por causa desta característica que o Super-Homem se destaca. O Super-Homem não se tornou Super-Homem. O Super-Homem nasceu Super-Homem. Quando o Super-Homem acorda, ele é o Super-Homem. O alter ego dele é Clark Kent. A roupa dele, com um grande “S” vermelho, é feita do manto que o envolvia quando os Kents o encontraram. Aquela roupa é dele. O que Kent usa, os óculos, o terno executivo, essa é a fantasia. Essa é a fantasia que o Super-Homem usa para viver entre nós. Clark Kent é como o Super-Homem nos vê. E quais são as características de Clark Kent?

Beatrix - Ele é fraco...

Bill - Ele é inseguro, ele é um covarde. Clark Kent é a crítica do Super-Homem de toda a raça humana.


Diálogo extraído do filme Kill Bill – Volume 2, de Quentin Tarantino.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Vingança





A vingança nunca é uma linha reta. É como uma floresta onde é fácil perder o rumo e esquecer por onde entramos.


Frase extraída do filme Kill Bill - Volume 1, de Quentin Tarantino.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Mal traçadas linhas





A primeira vez que vi Glorinha, estava na casa da Ritinha. Usava fitas nos cabelos e seus dois olhos verdes saltaram sobre os meus. Foi um encontro casual e eterno. Não consegui ficar em sua presença mais do que um minuto. Foi rápido. O mundo desabou ali mesmo, na frente de todo mundo. Corri para o bardo Tião. Ritinha foi atrás querendo saber o que houve. Eu perdi a respiração e só soube dizer que não houve nada.

A partir daquele dia, seus grandes olhos verdes me perseguiam e os via em todos os olhos, seu rosto sorria em outros rostos e as fitas estavam em todos os cabelos. Glorinha, certamente, era um anjo – (mau, às vezes) – porque se multiplicava em mim e derramava em todo meu corpo – (às vezes bom) – quando penetrava sorrateiro em meu quarto e preenchia meus sonhos.

Glória vivia sempre em mim. Era uma outra pessoa que tinha adquirido, ou o travesseiro que faltava. E Glorinha tornou-se uma obsessão. Ela corria em meu sangue. Acordava comigo e não se separava mais. Tomava o café da manhã, almoçava, jantava e era a principal artista de meus sonhos. Até a bola de futebol passou a se chamar Glorinha e foi por isso que resolvi ser goleiro. Não admitia chutar Glorinha. Preferia agarrá-la. Senti-la em meus braços.

Na escola, a professora era Glorinha, as meninas eram Glorinhas, até a dona Maria da cantina era Glorinha. A imagem de Glorinha me transbordava e fluía em todos os poros. Refletia nos óculos, nos espelhos, nos vidros, nas garrafas de refrigerante. Glorinha me inundava com sua presença, com seus olhos, pelos e cabelos. Glorinha me sugava, me surrava, incomodava. O seu nome me enchia a boca: glorinha, glória, glória minha, Glorinha era a minha glória.

Glorinha domingava em mim e foi num domingo que consegui revê-la. Missa das 10, eram 9h45min. Perambulava no adro da igreja quando Glorinha apontou na esquina. Fiquei em pânico. Minhas pernas tremeram. O coração disparou. Me escondi atrás de uma árvore.

Ela vinha acompanhada de outras meninas e falava sem parar. Estava radiante e vestia vermelho. Ela passou perto da árvore onde estava. Não me viu. O medo e a ansiedade foram tantos que virei raiz, folha, tronco. Era outono e me despenquei lá de cima. Tinha virado uma folha. Uma folha seca. Mas um vento bom não me deixou perdido, à mercê de passos desavisados ou de alguma roda descuidada. A aragem dominical me levou até o templo e me alojou atrás de Glorinha. Se a morte era a glória celeste, Deus em sua infinita sabedoria, provavelmente, não conhecera a Glória terrestre. E ela estava ali, no templo. Perto Dele, orando a Ele, falando a mesma língua Dele.

E quando a missa terminou, ela saiu como entrara, ruidosa. Mas percebi que ela olhou para um rapaz. E aquilo foi um punhal, uma faca de muitos gumes. Fiquei arrasado e meu primeiro ímpeto foi matar aquele sujeito.

E meu dia transcorreu violento. Não almocei nem fui à matinê. Conheci o ciúme.

A noite foi infernal. Arquitetei mil planos para abordá-la. Imaginei cenas, encontros.

Construí diálogos. Ouvi a sua doce voz penetrando em meus ouvidos e dizendo sim, sim, sim. Neste momento virei palavra. E naveguei todo o quarto. E a palavra Glorinha tinha asas. Era um pássaro de mil cores. E sobrevoei o quarto várias vezes e esse pássaro era Glorinha que voava em mim.

O sono veio tarde. Delirei. Glorinha transformou-se em Julieta. Depois em Myriam Lane, em Narda e desfilou em mim com vários nomes. Às vezes tornava-se Rapunzel e ficava na torre inexpugnável, pedindo socorro, lançando as tranças para o príncipe encantado. E este príncipe nunca era eu, pena.

Nesta mesma noite, caminhamos de mãos dadas. Estávamos em silêncio, mudos. O cenário era um pátio de longas paredes que não acabava nunca. Éramos os únicos naquela paisagem. Aproximei-me de seu rosto e ela recuou, negaceou, mas insisti. E quando lábios e olhos se tocaram, tudo evaporou. Acordei.

E Glorinha continuou no ofício de me percorrer, de me perseguir. De me domingar. E Glorinha me dominou durante muito tempo, quando uma idéia luminosa glorificou todo meu sofrimento: escrever uma carta, era a saída.

Rabisquei papéis. Rasguei. Não consegui escrever além de seu nome. Mas o Divino Espírito Santo, a terceira pessoa (ou a segunda?) da Santíssima Trindade, me encheu de luz: na segunda prateleira da estante de meu irmão, descobri um livro, o maior de todos: Cartas de Amor, roubei-o.

Na página 27 estava a minha declaração, a carta que pedira a Deus. O autor era um gênio, descobriu as minhas palavras. Era assim:

Estas mal traçadas são endereçadas àquela que torna meus dias como este céu de abril

(abri a janela e o céu estava horrível, ia chover, e era maio)

você é a Dulcinéia que tanto almejo

(perguntei ao Bolinha quem era Dulcinéia e ele me disse que achava que era a miss Brasil)

sou um cavalheiro errante

(troquei “errante” por “certeiro” porque ela podia achar que era um cara cheio de erros)

te vejo em todos os lugares. Chegou a hora de unirmos nossas solidões.

Teu

Romeu

Assinei, molhei as pontas do envelope com cuspe, surrupiei uns trocados na bolsa da mãe, comprei selo e coloquei a carta no correio com o coração ansioso.

Um mês depois, chegou a carta de Glorinha. Fui com sede ao pote. Abri sem cuidado. E fui lendo:

A resposta está na página 40, do mesmo livro.

Tua

Julieta


Ronald Claver

[A última sessão de cinema, 1986]

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Olhares





Quantas coisas cabem em um olhar!

É tão expressivo,

é como falar.


Clarice Pacheco


* * *
Imagem: www.walkdesk.com.br

sábado, 4 de dezembro de 2010

Nem todos querem entender





De nada me adianta querer entender as mulheres, se a mulher que eu amo não está comigo.

[autoria: alguns homens anônimos que existem por aí...]