domingo, 24 de março de 2013

Parte da trilha



Eu soube que nos tornaríamos um só imediatamente
À primeira vista, eu senti essa energia dos raios de sol
Eu vi a vida dentro de seus olhos

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Diamonds, com a Rihanna. Uma bela canção para ser ouvida (e cantada) com sentimento. Difícil não se emocionar.



Não deixe de ver essa ótima versão cheia de sentimento.



Veja esse outro clipe bem legal, de uma versão bem feitinha. Outra versão bem interessante, você curte clicando aqui.

E aqui você vê a letra e a tradução.


quinta-feira, 21 de março de 2013

O repouso do guerreiro




“Quase tenho medo dele: não pensará em me perder? Para onde me arrasto? Eis que meu cérebro começa a abrigar noções irracionais de pecado, de queda, de vício, de perdição.”
Christiane Rochefort, in O repouso do guerreiro.


Recentemente, ao rever os livros da minha biblioteca, numa pequena arrumação insólita e praticamente improdutiva (improdutiva de tanto que eu mesmo me interrompia para ficar “namorando” os livros lidos e não lidos). E ao me deparar com O Repouso do Guerreiro, de Christiane Rochefortei, fui levado a fazer uma comparação: esta admirável escritora é, para mim, quase que a Clarice Lispector da França. Esse "quase" não permite que exista outra Clarice Lispector. Claro. Ela é única.

Este ótimo romance conta a história de Geneviève, uma jovem parisiense, estudante de psicologia muito educada e elegante, que se apaixona perdidamente por Renaud. E é essa paixão que a faz viver uma grande desilusão.

Renaud é um ex-soldado que perdeu a esperança após o bombardeio de Hiroshima e que dez anos mais tarde tenta se matar em um hotel de uma pequena cidade. Geneviève o encontra acidentalmente, salva sua vida, e torna-se sua amante. E com ele tem seus primeiros orgasmos.

Mas nem tudo é bonito e prazeroso nesse relacionamento: Renaud é uma pessoa muito atormentada, exigente, desprezível e rejeita o mundo como um todo. Além de ser violento e impedir Geneviève de rever amigos e a família. Ele acredita que Geneviève é guiada principalmente pelo apetite sexual e quer forçá-la a admitir. E isso faz com que se refugiem em delírios, mas é nessa devassidão que um se anula diante do outro.

A história é centrada na relação ambígua dos dois personagens principais. Não podemos deixar de perguntar por que Geneviève se agarra tão teimosamente a um personagem tão desprezível que inadvertidamente recusa o amor que recebe dela e que ainda insiste em afirmar que ela confunde o desejo sexual com amor sincero justamente por estarem intimamente ligados. O que nos leva a pensar no que exatamente ele teme. Ser pego em uma rotina? Teme ser pertencido a alguém? Tornar-se um hipócrita? No entanto, seja o que for que o impede de se entregar ou de deixar a jovem viver serenamente (sozinha, claro), fica evidente que sua própria arrogância não o impede de se odiar, sendo que é isso mesmo que o desconforta. E pra piorar faz questão de levar sua amante com ele em sua podridão desmesurada.

No decorrer da narrativa o que vemos, e o que nos revolta, é a decadência de uma mulher que faz tudo por amor e o quanto é fortemente afetada pela sua relação emocional e sexual, se afastando do seu mundo, correto e muito seguro, para embarcar numa submissão que aparentemente não terá fim. Tudo nos leva a imaginar que ela vai aceitar o pior e chegar ao fundo do abismo físico e moral.

Até que ponto uma mulher pode se perder em nome de uma paixão? E, afinal, qual é a tênue divisão entre moral, obsessão, decadência moral, dignidade, submissão e prazer? Aquela doce loucura deliciosa de se viver é sempre fascinante e intrigante, mas qual é o limite?

O título e os acontecimentos desse ótimo romance, que exalta a redenção, de forma alguma chega a enganar os leitores: a mulher é, sem dúvida alguma, o perfeito descanso do guerreiro.

A recíproca não é verdadeira.


Márcio Luiz Soares
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Confira um trecho do livro aqui.

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Imagem: frame do filme francês homônimo. O romance foi adaptado para o cinema em 1962, com direção de Roger Vadim e com a participação de Brigitthe Bardot no papel principal.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Lado sombrio





Todo mundo tem seus segredos e todos têm um lado dentro de si que protegem a todo custo. É instintivo.

Por mais bem certinha que uma pessoa demonstra ser, ela tem algo a esconder, mesmo que seja aquele segredinho que nem é nada demais, nada que a desabone, mas que ela prefere que fique enterrado dentro de si. Pode ser um pensamento nefasto, ou um desejo reprimido, ou uma fantasia sexual que sabe que nunca vai se realizar. Acho que, no fundo, no fundo, todos nós temos uma natureza pecaminosa ou egoísta. Nenhum de nós está livre de pecados e pensamentos obscuros. Nós nascemos assim. A diferença está em como cada indivíduo consegue se controlar. Muitos não conseguem. Muitos nem tentam. Outros nem têm noção do que é ou não sombrio.

Eu tenho um lado sombrio, não nego e não me importo em admitir. Até onde isso me prejudica? Até agora, em nada. Nunca me prejudicou. Nunca prejudicou ninguém.

E pra piorar o que você está pensando de mim nesse momento, saiba que eu gosto de alimentar esse meu lado sombrio. E tudo se resume ao fato de que, alimentando-o, consigo superar coisas excessivamente emotivas que me tornariam melancólico demais. Principalmente quando as minhas válvulas de escape não funcionam.

Enfim, na minha humilde opinião, todo mundo tem um esqueleto escondido no armário. Alguns esqueletos contam uma boa história ao sair.

Outros nem tanto.


Márcio Luiz Soares

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No clipe, uma das minhas músicas preferidas da Kelly Clarkson, Dark Side. O que se vê nas imagens do clipe não condiz tão incisivamente com a letra dessa bela canção. Infelizmente. Mas tá valendo.


Aqui você acessa a letra original e com tudo que tem direito - aproveita e clica no play lá também.