quarta-feira, 29 de julho de 2009

Pessoa





Foi um momento
O em que pousaste
Sobre o meu braço,
Num movimento
Mais de cansaço
Que pensamento,
A tua mão
E a retiraste.

Senti ou não?
Não sei. Mas lembro
E sinto ainda
Qualquer memória
Fixa e corpórea
Onde pousaste
A mão que teve
Qualquer sentido
Incompreendido,
Mas tão de leve!…

Tudo isto é nada,
Mas numa estrada
Como é a vida
Há uma coisa
Incompreendida…

Sei eu se quando
A tua mão
Senti pousando
Sobre o meu braço,
E um pouco, um pouco,
No coração,
Não houve um ritmo
Novo no espaço?

Como se tu,
Sem o querer,
Em mim tocasses
Para dizer
Qualquer mistério,
Súbito e etéreo,
Que nem soubesses
Que tinha ser.

Assim a brisa
Nos ramos diz
Sem o saber
Uma imprecisa
Coisa feliz.


Fernando Pessoa


* * *

Ilustração: "O chapéu do poeta Fernando Pessoa", de Costa Pinheiro, 1979 (óleo sobre tela)

domingo, 26 de julho de 2009

Kaizen





Desde garoto sou fascinado pela filosofia oriental, em especial a chinesa e a japonesa. O meu fascínio teve início nas aulas de Kung Fu Shaolin. Devo muito ao meu mestre Shi Gan Fong. Ele era chinês e grande conhecedor da filosofia do seu país, mas também tinha bastante conhecimento dos ensinamentos de diversas culturas. Deixava claro para todos os seus discípulos a importância do conhecimento, e como sempre se atualizava, procurava passar para nós tudo que descobria e que julgava válido para o nosso crescimento pessoal.
Foi por meio dele que ouvi pela primeira vez sobre o Kaizen. Uma palavra japonesa que significa melhoramento, mudança para melhor, aprimoramento contínuo. Acredito que foi por influência do mestre Shi que me tornei uma pessoa que está sempre em busca do aprimoramento, querendo sempre se atualizar e que gosta de desafios. Confesso que hoje estou mais interessado no meu aprimoramento pessoal, intimamente ligado ao relacionamento social e modo de vida. Não que isso me impeça de buscar mudanças profissionais, pois detesto a mesmice, a rotina, o lugar comum e a falta de inovações no ambiente de trabalho. Em qualquer ofício busco os desafios e gosto de saber que existem obstáculos pela frente.
E foi justamente lendo um livro sobre marketing que hoje voltei a me deparar com o Kaizen – que também é conhecido no mundo corporativo desde 1950. Para mim foi uma novidade o fato do mundo empresarial procurar adotar tal filosofia, mas me senti satisfeito em saber que sempre procurei seguir, do meu jeito, o que o capítulo do livro aborda. Abaixo, trechos do capítulo que terminei de ler:
“A prática do Kaizen visa não somente a melhoria da empresa, como do homem (profissional, social e individual) que nela trabalha. Partindo do princípio de que o tempo é o melhor indicador isolado de competitividade, o processo busca atuar de forma ampla para reconhecer e eliminar os desperdícios existentes na empresa, sejam em processos produtivos já existentes ou em fase de projeto, produtos novos, manutenção de máquinas ou mesmo processos administrativos.
Para o Kaizen, é sempre possível fazer melhor. Nenhum dia deve passar sem que alguma melhora tenha sido implantada, seja ela na estrutura da empresa ou no indivíduo. Sua metodologia traz resultados concretos, tanto qualitativa quanto quantativamente, em um curto espaço de tempo e a um baixo custo (que, consequentemente, aumenta a lucratividade), apoiados na sinergia gerada por uma equipe reunida para alcançar metas estabelecidas pela direção da empresa. (...)
Para ilustrar de forma mais profunda os princípios do Kaizen, os japoneses costumam nos contar uma fabula chamada ‘O Tesouro de Bresa’, em que um pobre alfaiate compra um livro que contém o segredo de um tesouro. Mas, para descobrir o segredo, ele deve decifrar todos os idiomas escritos no livro. Ao estudar e aprender esses idiomas, começam a surgir oportunidades, e ele, lentamente e de forma sustentada, começa a prosperar. Em seguida, ele precisa decifrar os cálculos matemáticos do livro. É obrigado então a continuar estudando e se desenvolvendo, e sua prosperidade aumenta ainda mais. No final da historia, não há tesouro algum. Mas, na busca do segredo, o alfaiate se desenvolveu tanto que ele mesmo passou a ser a grande riqueza. O processo de melhoria não deve acabar nunca, e os tesouros são conquistados com saber e trabalho. Por isso, a viagem é sempre mais importante do que o destino. Ou seja: o que tem nexo nos negócios e na vida é a busca da melhoria. Os resultados são apenas consequência.”
* * *
Think about it.
* * *
Os trechos que transcrevi foram extraídos do livro: O marketing na era do nexo: novos caminhos num mundo de múltiplas opções, de Walter Longo e Zé Luiz Tavares. Ed. Best Seller.
Significado dos ideogramas: kai (mudança), zen (boa).

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Crise?





"Realmente tenho ouvido falar muito em recessão e crise ultimamente, mas fiz uma reunião com minha diretoria sobre o assunto, e resolvemos não participar."

Sam Walton, fundador da rede Wal-Mart, diante da pressão dos jornalistas para opinar sobre a recessão nos Estados Unidos.

Sabe tudo!!

domingo, 12 de julho de 2009

Retorno




Depois de um longo e tenebroso inverno particular, finalmente voltei! Tive que abandonar o blog por um tempo. A bruxa estava solta, meu micro quase pifou, assim como eu também quase pifei (mas essa é outra história). O caso do micro foi mais simples, após dias e dias travando, adquiri um antivírus dos melhores, de responsa mesmo. Formatar o pc estava fora de questão.
De qualquer forma, um mês depois da última postagem, agora posso voltar a postar tranquilamente. Nem gosto de lembrar do estresse que passei tentando ler minhas mensagens em casa (e não conseguindo... saco!), tentando acessar o Orkut (e não conseguindo passar do login... ô cacete!) e tentando ver os blogs que acompanho (e não conseguindo deixar de pensar em socar o monitor...) – todas as páginas travavam por intermináveis minutos! Sabe aquela vídeo que rolou solto na net um tempão, em que um cara espatifa o teclado na mesa? Eu estava quase fazendo aquilo!! Por pouco eu não catei tudo e joguei pela janela! E olha que moro no quinto andar! Que prazer eu sentiria vendo ele se estraçalhando lá embaixo! [uhu!] Ainda bem que me limitei a apenas apertar um botão. Senão eu pifava de vez.
É interessante como certas coisinhas fazem a gente se ligar. Todo esse tempo afastado da net, também serviu para que eu desse um pouco mais de atenção para outras coisas que estavam me fazendo falta e nem era capaz de perceber: rever os amigos, telefonar aos colegas, nada de e-mail, nada de MSN, tinha que ouvir todos eles – putz, como eu precisava disso!! E falar também, claro. Mas pouco, porque o meu forte é ser ouvinte.
Sou muito atencioso. Além de respeitar as individualidades de cada um, assim como suas diferenças. Apesar de ser muito sociável, tenho poucos amigos e procuro preservar. Estes poucos sabem o quanto prefiro ouvir. Observar. Perceber. Sentir. Aprendo muito assim. Aprendo muito com eles e comigo mesmo a cada observação. Ser reservado tem suas vantagens e desvantagens. Uma das desvantagens é guardar tudo e não soltar o verbo pra falar de si mesmo!
Bom... Também não vai ser agora. É. Eu não tenho jeito mesmo.
Edu, um desses meus amigos que encontrei, dizia o quanto gostava da nossa juventude, o quanto a gente aprontava na adolescência junto com a galera. O quanto a gente era incompreendido por quem não era da turma (leia-se: adultos). A turma foi se desfazendo por n motivos: trabalho, estudos, mudanças e por aí vai. Restando apenas nós dois.
Lembramos das brincadeiras, festas e bagunças. E das garotas. Engraçado como foi justamente isso que acabou nos afastando. A namorada do seu melhor amigo que não topa a sua namorada. Não abalou a amizade, de todo. Apenas ficamos distantes. O futebol do sábado rareou até acabar. O “sonzinho” na casa do Zetão sumiu, junto com os discos de vinil. O cinema de domingo era apenas para o que se fazia no escurinho. Só tínhamos tempo para as nossas namoradas.
Hoje a gente ri disso. O namoro dele não durou muito. O meu sim. E como durou.

* * *
Nestes trinta dias, recebi um montão de mensagens perguntando sobre o meu sumiço do blog. Desculpem-me por não ter respondido a todos, pois não disponho do número do telefone da maioria. Tive pouco tempo de abrir meu e-mail no micro do trabalho, isso quando estava presente. Valeu, gente, pela preocupação e pelo carinho.

Clipe: Julho de 83 - Nenhum de Nós