quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Ausência






“(...) Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas duas pernas. Sei que somente com as duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar.”


Clarice Lispector (A Paixão Segundo G.H.) 


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Quanto tempo leva para construir um instante?






Sabe o seu primeiro beijo? Seu primeiro amor? E se não tivesse acontecido? Senhoras e senhores, estou falando de momentos que fizeram parte de suas vidas e que levarão consigo para todo o sempre. Aí eu lhes pergunto: quanto tempo demorou para isso acontecer? São fatos como esses que nos fazem ser mais felizes, seres humanos melhores.

Tentei descobrir do que é feito um instante, e porque ele nos marca tanto, e pude ver que existem alguns velhos ingredientes que nós conhecemos muito bem. Porém, a dosagem depende de cada um. Podemos, às vezes, sentir um frio que corre a espinha, ou um friozinho na barriga, borboletas nos estômago, e um sentimento de que aquilo é único.

Senhoras e senhores, peço por gentileza que façam de tudo para que tenham o máximo de instantes. Se por acaso tiver como criá-los, não deixem passar. Saibam que o tempo nunca volta, as palavras ditas são como plumas soltas ao ar, sem retorno, e no final você vê que a vida passa rápido demais. Se você não fez que ela fosse no mínimo divertida, quem dirá feliz.

"No instante que te conheci meu coração bateu em câmera lenta, eu suei mesmo no frio de dois graus, e pude sentir-me nas nuvens mesmo com os pés no chão".

Isso aí é um instante. Daqueles que nunca se esquece.


Alex dos Santos

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Imagem: de Márcio Luiz Soares – arquivo pessoal. Não, não é uma montagem.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A cara vida moderna






Meu primeiro celular parecia um tijolo. Difícil de carregar. Pior ainda, de funcionar. A linha vivia com sinal de ocupado. Mesmo assim era um luxo! Lembro quando liguei pela primeira vez para minha amiga Vera:

— Estou em Brasília, no meu celular — contei.

— Também quero um! — ela gritou, entusiasmada.

De novidade, tornou-se essencial. Agora esses aparelhos são mínimos, fotografam, tocam músicas e acessam a internet. Viver sem um é estar desconectado. No fim do mês vem a conta. Sempre me assusto! As operadoras oferecem pacotes. E de pacote em pacote às vezes eu me sinto embrulhado! Compro por puro entusiasmo uma série de serviços que não uso depois! Um amigo meu tem três celulares. Durante um jantar, falava em todos ao mesmo tempo, enquanto eu tentava conversar. Imagino a conta!

A cada dia inventam algo que imediatamente se torna indispensável. Impossível encontrar um adolescente que não sinta necessidade de um laptop. Se não tem, voa para uma lan house. A internet ficou tão importante quanto as calças que estou vestindo. O laptop de um jovem ator quebrou às vésperas de ele sair em turnê pelo país com um espetáculo. Está desesperado.

— Vou perder meu contato com o mundo!

É verdade! E-mails, redes de relacionamento e blogs são vitais para boa parte das pessoas. Tudo isso custa: o orçamento cresce em eletricidade, conexões de banda larga e equipamentos — os avanços são rápidos, é preciso renovar sempre. Falando em avanços: um amigo formou uma excelente coleção de clássicos de cinema em vídeo. Jogou fora e iniciou outra ao surgir o DVD. Agora veio o Blu-ray. O coitado quase explodiu de tão estressado! Mas é impossível permanecer com o equipamento antigo. Em pouco tempo some das lojas. Toca comprar tudo novo!

A TV por assinatura tornou-se um sonho de consumo. E os televisores em si? Todo dia fico sabendo de uma tela maior, mais fina e com melhor imagem. Sem falar nos eletrodomésticos, mais e mais sofisticados. Quando comprei o meu primeiro freezer, há muito tempo, um amigo riu:

— Para que uma coisa dessas?

Hoje ninguém dispensa um freezer. Qualquer item da vida pode se sofisticar: faz-se café expresso em casa, sorvete, iogurte e até pão. Ninguém tem tudo, é fato. Mas todo mundo tenta ter algum novo e fantástico produto!

Passada a garantia, é difícil consertar qualquer aparelho. O preço raramente compensa. E logo quebra de novo, mesmo porque muitos técnicos de antigamente perderam o pé nos digitais!

Viver ficou muito mais caro. Antes eu parava o carro na rua, agora é Zona Azul ou estacionamento particular; os cinemas aumentaram o valor dos ingressos porque investem em tecnologia; cabeleireiros sofisticaram os produtos; banho em cachorro é melhor no pet shop; é essencial um cartão de crédito, mas vem a anuidade. Além de um bom plano de saúde, é ideal também um de aposentadoria. Tenho certeza: daqui a pouco descobrirei algo absolutamente essencial de cuja existência até agora não tinha o menor conhecimento!

Mas os salários não subiram na mesma proporção. No passado era mais fácil cortar gastos. Agora, não. Muitas despesas não podem mais sair do orçamento. Contatos profissionais, bancários e muitos serviços públicos acontecem através de celulares e da internet. Já conheci gente com falta de dinheiro para comer, mas sem poder abdicar do celular!


Walcyr Carrasco
Revista Veja São Paulo (10/03/2010)

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Imagem: site Jootix

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Contextualize






Quando o primeiro elo da corrente é forjado, o primeiro discurso censurado, o primeiro pensamento proibido, a primeira liberdade negada, nos acorrenta a todos, irrevogavelmente. A primeira vez em que a liberdade de um é espezinhada, todos somos feridos.

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Pense nisso.

Frase extraída da série Star Trek – A Nova Geração, episódio Inquisição (4ª temporada). Sim, eu sou um Trekker e com muito orgulho.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Parte da trilha






As músicas da década de 1990 também marcaram época! Eu que o diga! 

No clipe abaixo, um medley (ou pout-pourri) muito interessante num clipe sensacional do excelente grupo dinamarquês Local Vocal. Ele fez uma capella de alguns sucessos da dance music dos anos 90 resultando num ótimo e magnífico tributo. Não deixe de curtir. 



Algumas:

Corona - Rythm of the Night (1993)
Haddaway - What is Love (1992)
Ace of Base - All That She Wants (1992)
Scatman - Scatman John (1994)
La Bouche - Be My Lover (1995)
2 Unlimited - No limit (1992)
Dr. Alban - Sing Hallelujah (1993)