quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Acredite em você






Nunca duvide, nunca deixe de acreditar, na sua capacidade de realizar seus sonhos.

Provavelmente você não vai realizar todos no próximo ano, mas com convicção e esforço, conquistará o que deseja nos anos seguintes. E se mesmo assim, caso não obtenha algum sucesso com um ou outro desejo ao longo da vida, contente-se com o que possuir até então. A satisfação pelo que conseguiu lhe fará sentir o gosto da vitória e ninguém melhor que você saberá o quanto valeu a pena lutar.

No entanto, apesar de tudo, nunca pare de sonhar, de desejar algo melhor em tua vida. A busca do desejo é um fator determinante da evolução humana e até mesmo quando ficamos insatisfeitos por algo não obtido, serve de alavanca para a busca de uma nova conquista, causando uma evolução em nós mesmos. Faz parte do ciclo da vida de cada um de nós.

Tenha um ótimo, sensacional, espetacular e feliz, claro, 2010!


Márcio Luiz Soares

* * *

Arte: André Sanches
Clique na imagem para ver em tamanho maior.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Receita de Ano Novo





Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Fakes





Na semana passada, dei de presente para minha amiga Erika Rolim um livro de crônicas do Arnaldo Jabor. Enquanto comprava, lembrei de um texto dele que eu li recentemente num jornal. E voltei a lembrar hoje, após receber uma mensagem com um texto que acham que é do Arnaldo Jabor, mas que não é. O texto do Jabor que mencionei é justamente sobre os textos que estão sendo espalhados todos os dias pela internet como sendo dele e que na verdade não são - e o artigo da mensagem que recebi também foi comentado – além de perfis falsos em diversas comunidades. Decidi reproduzir a crônica por aqui numa tentativa de colaborar na divulgação, já que muita gente nem deve saber dessa publicação feita nos jornais em que ele é cronista.


* * *
Blogs, Twitter, Orkut e outros buracos
.
Existe um “sub-eu” vagando na internet

Não estou no “twitter”, não sei o que é o “twitter”, jamais entrarei neste terreno baldio e, incrivelmente, tenho 26 mil “seguidores” no “twitter”. Quem me pôs lá? Quem foi o canalha que usou meu nome? Jamais saberei. Vivemos no poço escuro da web. Ou buscamos a exposição total para ser “celebridade” ou usamos esse anonimato irresponsável com nome dos outros. Tem gente que fala para mim: “Faz um blog, faz um blog!” Logo eu, que já sou um blog vivo, tagarelando na TV, rádio e jornais... Jamais farei um blog, este nome que parece um coaxar de sapo boi. Quero o passado. Quero o lápis na orelha do quitandeiro, quero o gato do armazém dormindo no saco de batatas, quero o telefone preto, de disco, que não dá linha, em vez dos gemidinhos dos celulares incessantes.

Comunicar o quê? Ninguém tem nada a dizer... Olho as opiniões, as discussões “on-line” e só vejo besteira, frases de 140 caracteres para nada dizer. Vivemos a grande invasão dos lugares-comuns, dos uivos de medíocres ecoando asnices para ocultar sua solidão deprimente. O que espanta é a velocidade da luz para a lentidão dos pensamentos, uma movimentação “em rede” para raciocínios lineares. A boa e velha burrice continua intocada, agora disfarçada pelo charme da rapidez. Antigamente os burros eram humildes; se esgueiravam pelos cantos, ouvindo, amargurados, os inteligentes deitando falação. Agora não; é a revolução dos idiotas on-line.

Quero sossego, mas querem me expandir, esticar meus braços em tentáculos digitais, meus olhos no “Google”, (“goggles” — olhos arregalados) em órbitas giratórias, querem que eu seja ubíquo, quando desejo caminhar na condição de pobre bicho bípede; não quero tudo saber, ao contrário, quero esquecer; sinto que estão criando desejos que não tenho, fomes que perdi. Estamos virando aparelhos; os homens andam como robôs, falam como microfones, ouvem como celulares, não sabemos se estamos com tesão ou se criam o tesão em nós. O Brasil está tonto, perdido entre tecnologias novas cercadas de miséria e estupidez por todos os lados. A tecno-ciência nos enfiou uma lógica produtiva de fábricas vivas, chips, pílulas para tudo, enquanto a barbárie mais vagabunda corre solta no País, balas perdidas, jaquetas e tênis roubados, com a falsa esquerda sendo pautada pela mais sinistra direita que já tivemos, com o Jucá e o Calheiros botando o Chávez no Mercosul para “talibanizar” de vez a América Latina. Temos de “funcionar” — não de viver. Somos carros, somos celulares, somos circuitos sem pausa. Assistimos a chacinas diárias do tráfico entre chips e “websites”.

Escritores Fantasmas

O leitor perguntará: “Por que este ódio todo, bom Jabor?” Claro que acho a revolução digital a coisa mais importante dos séculos. Mas, estou com raiva por causa dos textos apócrifos que continuam enfiando na internet com meu nome.

Já reclamei aqui desses textos, mas tenho de me repetir. Todo dia surge uma nova besteira, com dezenas de emails me elogiando pelo que eu “não” fiz. Vou indo pela rua e três senhoras me abordam — “Teu artigo na internet é genial! Principalmente quando você escreve: ‘As mulheres são tão cheirosinhas; elas fazem biquinho e deitam no teu ombro...’”

“Não fui eu...”, respondo. Elas não ouvem e continuam: “Modéstia sua! Finalmente alguém diz a verdade sobre as mulheres! Mandei isso para mil amigas! Adoraram aquela parte: ‘Tenho horror à mulher perfeitinha. Acho ótimo celulite...’” Repito que não é meu, mas elas (em geral barangas) replicam: “Ah... É teu melhor texto...” — e vão embora, rebolando, felizes.

Sei que a internet democratiza, dando acesso a todos para se expressar. Mas a democracia também libera a idiotia. Deviam inventar um “anti-spam” para bobagens.

Vejam mais o que “eu” escrevi: “As mulheres de hoje lutam para ser magrinhas. Elas têm horror de qualquer carninha saindo da calça de cintura tão baixa que o cós acaba!”... Luto dia e noite contra cacófatos e jamais escreveria “cós acaba!” Mas, para todos os efeitos, fui eu. Na internet eu sou amado como uma besta quadrada, um forte asno... (dirão meus inimigos: “Finalmente, ele se encontrou...”)

Vejam as banalidades que me atribuem:

“Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!”

Ou: “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!”

Ainda sobre a mulher: “São escravas aparentemente alforriadas numa grande senzala sem grades.”

Há um texto bem gay sobre os gaúchos, há mais de um ano. Fui “eu”, a mula virtual, quem escreveu tudo isso. E não adianta desmentir.

Esta semana descobri mais. Há um texto rolando (e sendo elogiado) sobre “ninguém ama uma pessoa pelas qualidades que ela tem” ou outro em que louvo a estupidez, chamado Seja Idiota!...

Mas o pior são artigos escritos por inimigos covardes para me sujar. Há um texto de extrema direita, boçal, xingando os brasileiros, onde há coisas como: “Brasileiro é babaca. Elege para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari. Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira. Brasileiro é vagabundo por excelência. Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada, não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo. 90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como ‘aviãozinho’ do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da favela fosnuam enfiando na ise honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora... O brasileiro merece! É igual a mulher de malandro — gosta de apanhar ...”

E o pior é que muita gente me cumprimenta pela “coragem” de ter escrito esta sordidez.

Ou seja: admiram-me pelo que eu teria de pior; sou amado pelo que não escrevi. Na internet, eu sou machista, gay, idiota, corno e fascista. É bonito isso?


Arnaldo Jabor é escritor, jornalista e cineasta


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Texto extraído do Jornal Correio Popular, de 3/11/2009, Campinas/SP
Foto de: The Smoking Gun (site)

sábado, 12 de dezembro de 2009

O meu dezembro




Finalmente estou postando em dezembro. Este mês que eu não via a hora de chegar! Pois ele traz consigo o encerramento de um ciclo, entre tantos outros que permeiam as nossas vidas.

Foi um mês muito desejado por mim, devido a tudo que passei nos últimos meses. Infelizmente, coisas desagradáveis estão acontecendo, que influenciará irreparavelmente o meu futuro. Portanto, mais um motivo para eu criar uma espécie de meditação especial:

Que meu dezembro seja tranquilo e, caso não seja, que ao menos não esbarre em nenhum pingo da turbulência dos meses anteriores. Que ele também seja de paz. E que se não for totalmente, que ao menos acalente meu coração, me oferecendo o reencontro de amigos queridos e de familiares de ontem e de hoje. Que me faça agir da maneira que mais gosto: com simplicidade.

Que este meu querido dezembro feche mais um ciclo, mas que antes disso abra a minha mente para o que se aproxima e para o que se foi. Que ilumine a minha nova estrada. Que não me tome a chave da porta da realidade nua e crua. Que não leve a chave do portão da fantasia - que nunca vai me largar mesmo.

Que o meu maravilhoso dezembro deste ano me faça lembrar dos dezembros dos outros. Que me faça sorrir pelos outros dezembros que virão. Que me faça sorrir o tempo todo, nem que seja no recôndito do meu ser ou nas profundezas da minha inefável solidão.

Que meu dezembro de agora me dê de presente a mim mesmo. Que traga um verão de alegria. Que acaricie meus sonhos. Que lance um dedo de prosa com Deus. Que limpe meu coração da dor da perda. Que encha de flores alegres o meu jardim de objetivos. Que traga flores com espinhos também. Que me traga um pouco de tristeza (é inevitável mesmo...) - para que me ofereça mais momentos de felicidade. E que não sejam apenas os “meus” momentos, mas que me lembrem de ir atrás deles.

Que meu dezembro continue a ser o que sempre foi para mim e o que sempre será: um mês de reflexão; da busca do que deixei para trás e do que desejo; além da busca da fé, tendo sempre a esperança de que um mundo melhor se aproxima.

Enfim, que o meu dezembro não seja melhor nem pior que de ninguém. Mas que ele seja único.

* * *
Como de praxe, segue o clipe do mês. Ou clipes. A canção é muito bonita, dona de uma letra interessante e interpretada com muita expressividade pelo vocalista. Bom, Linkin Park dispensa comentários, certo? Você escolhe qual quer ver e ouvir: o primeiro clipe, ao vivo com legendas em português ou o segundo, versão de internauta, da gravação de estúdio, maior, com o som muito melhor e com legendas em inglês.

Quer saber? Veja os dois e aproveita pra refletir sobre este ano. Nos dias que te trouxeram alegrias, tristezas, dores, planos, sonhos, muita emoção, talvez alguns sacrifícios, amizade, amor. Enfim, na vida.