sábado, 31 de janeiro de 2009

Dicas de fim de férias





Neste finalzinho das férias, final do segundo melhor mês do ano (o primeiro é novembro, mês do meu niver!), aproveito para postar sobre algumas coisinhas que achei interessantes. Primeiro começo parabenizando a administração da cidade de Santos por ter promovido diversas atrações bem bacanas neste mês. Como é de praxe, existem diversas tendas montadas com palco para algumas apresentações de música ao vivo todas as noites durante o verão. Aproveitei alguns destes shows e gostei de todos. No entanto, tenho que destacar aqui o maior evento ocorrido em virtude das comemorações do aniversário de 463 anos da cidade: um belíssimo e empolgante show com Ivan Lins e a Orquestra Sinfônica de Santos. Abaixo você pode curtir a música com que ele encerrou sua apresentação: Ai, Ai, Ai, Ai, Ai. Como sempre, Ivan Lins nos brindou com suas músicas e letras que dispensam comentários. E poder curtir na praia do Gonzaga em plena noite de verão foi demais.


Também muito boa foi a descoberta de uma nova estação de rádio enquanto eu caminhava pela praia durante uma ensolarada manhã: Classic Pan FM Santos 103,7. Para quem não conhece, imagine uma mistura da Rádio Antena 1 FM com Nova Brasil FM, só que um pouco mais diversificada, pelo que pude perceber. Mais uma sacada legal da Rede Joven Pan. Está disponível no site http://www.classicpansantos.com.br/. Eu recomendo. 


Em plena areia gonzaguense, enquanto descansava de alguns mergulhos no mar, ou de jogar frescobol com a família, sempre com uma cervejinha bem gelada do lado, mergulhei profundamente no livro O Dia do Curinga, de Jostein Gaarder, o mesmo autor de O Mundo de Sofia (outro da minha extensa lista de livros que quero ler). É sobre um garoto que cruza a Europa ao lado do pai à procura da mulher os deixou oito anos antes para encontrar a si mesma. Durante a viagem, o garoto encontra um livro que o conduz a uma iniciação em busca do conhecimento (talvez de si mesmo, eu imagino). O livro trata a filosofia de uma maneira interessante, leve e despretensiosa, e ao mesmo tempo contundente e instigador. Ainda estou na metade - acredito que em breve postarei mais alguma coisa sobre ele - mesmo assim já recomendo. 


E claro que também não podia faltar um cineminha! É verdade que um dia nublado e um pouco de chuva nos incentivou a dar uma escapada ao cinema para curtir um bom filme - para quê esperar voltar? E é bom mesmo. Os personagens principais, Cláudio e Helena, vividos por Tony Ramos e Glória Pires, enfrentam uma inexplicável troca de papéis. Enquanto passam pela situação do divórcio eles ainda têm que resolver um problema doméstico e isso permitiu algumas sacadas geniais. Tony Ramos está impagável principalmente quando "vira" Helena. Não vou comentar mais para não estragar a diversão. Se você ainda não viu o primeiro filme, não esquenta, dá para ver a continuação tranquilamente. Mas visite a locadora assim que possível. 


Enquanto estou postando, tenho ao meu lado uma taça de vinho tinto bem geladinho e estou ouvindo Ana Carolina - que combinação! Mas isso já foi e será assunto para outra postagem. Fica aí com Ivan Lins que também é ótimo. Fui!




Márcio Luiz Soares


* * *
Foto: cidade de Santos/SP

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Liberdade






Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados como tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha quer não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...


Fernando Pessoa

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A curiosa fábula de Benjamin Button







Tenho um especial interesse por fábulas. Principalmente quando elas tratam do entendimento da morte. Quando esse é o tema, é praticamente difícil ou impossível não tratar também sobre a vida e o amor. Por mais melancólica que seja o final de uma narrativa que aborda tais temas em conjunto, temos que considerar que faz parte da história de cada um de nós e admitir e aceitar que o destino da grande maioria é envelhecer. E nesse processo, viver a vida da melhor maneira possível, com sabedoria, absorvendo cada experiência, amando as pessoas que consideramos e se apaixonar pelo uma menos uma vez.

Mais uma vez fiquei convicto dessas afirmações quando terminei de assistir O Curioso Caso de Benjamin Button, dirigido habilmente por David Fincher e estrelado por um Brad Pitt surpreendente e pela bonita, ótima e fabulosa Cate Blanchett.

A história, nada convencional, é uma adaptação de um conto que F. Scott Fitzgerald escreveu em 1922 sobre um homem que nasce velho (cerca de 80 anos), vai ficando jovem com o passar dos anos e morre bebê. Fiquei tão interessado que vou procurar saber se existe alguma publicação brasileira deste conto. Já descobri que o roteiro do filme não é muito fiel ao conto, o que aumentou o meu interesse pela obra.

A passagem do tempo é bem explorada neste drama épico e romântico. Abandonado ainda bebê na porta de um lar de idosos, Benjamin Button é adotado pela encarregada desse asilo e cresce na companhia dos moradores à beira da morte. O menino-velho passa boa parte de sua “infância de velhice" em uma cadeira de rodas ou com muletas, no entanto, gradualmente supera as deficiências causadas pela idade avançada à medida que chega à vida adulta.

Ficar sentado durante 160 minutos e nem perceber, não se cansar, significa que fiquei magnetizado pela história, pelo filme, pelas interpretações, pela fotografia e pelas músicas. O filme já começa interessante, logo nos primeiros segundos, logo nas vinhetas dos estúdios que o produziram, Warner e Universal, com suas vinhetas fazendo referências aos botões (buttons, em inglês). Muito bem bolado.

Ver um filme em que o sentimento é aplicado tão bem em suas nuances, em cada enquadramento, em cada interpretação, só podia ser obra de um detalhista. Assim julgo ser o diretor David Fincher, pois me fez captar muita emoção durante o filme todo. Detalhes que podem ser notados também num simples amanhecer, numa dança ao luar, num veleiro em alto mar, e na mudança física dos personagens. Todo cuidado que o diretor teve é merecedor de uma certa atenção pelo público.

Sei lá se estou exagerando, mas fiquei maravilhado e duvido que não fique novamente após rever várias vezes este belo filme. Também duvido que eu não faça uma nova descoberta em cada vez que rever. Aliás isso costuma acontecer...

Nada no filme parece ser forçado (talvez quando solta uma música melancólica em cada momento triste - mas isso já se tornou tão normal e natural nos filmes, especialmente os hollywoodianos, que passa batido), fazendo a gente absorver cada minuto de filme sendo cúmplice de um homem marcado pelo tempo e que não apenas ele mas nós também sabemos o que vai ocorrer. Nós sabemos justamente porque vai acontecer conosco. Só que no caso é ao contrário. A gente envelhece a cada segundo, enquanto Benjamin Button rejuvenesce. E se ele rejuvenesce, fica fácil adivinharmos o que acontecerá com o personagem no fim do filme. Mas não adivinhamos "como" os demais personagens lidarão com isso, nem com o próprio Benjamin Button.

Como já mencionei, Brad Pitt está surpreendente no filme, esbajando talento. Muito mais do que vi em Seven, em Clube da Luta, em Os 12 Macacos, em O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford, ou, ainda, em Snatch - Porcos e Diamantes. Se ele for pelo menos indicado ao Oscar, será totalmente merecido.

Não menos surpreendente foi a maquiagem utilizada nos atores. Assim como alguns truques digitais cada vez mais perfeitos. É estranho ver o rosto envelhecido de Pitt num corpo de alguns atores velhinhos, porém, estão bem convincentes. E não menos convincente está Cate Blanchet (observe seu sotaque sulista), interpretando com uma facilidade notável e admirável.

Bem depois do filme, enquanto me preparava para fazer esta postagem, e ainda agora, escrevendo, algumas coisas me passaram pala mente: saudades do filme Forest Gump - afinal uma outra fábula grandiosa e que têm certas semelhanças; que não se trata de um filme feito somente para ganhar simpatia do público por ter um final que pode nos fazer chorar; que a história é uma celebração do quanto o ser humano pode ser incoerente até consigo mesmo; que esse filme pode ser recebido de formas bem divergentes por cada espectador; que devemos buscar incessantemente nosso caminho no mundo; o quanto somos vulneráveis, em tudo, principalmente quando envelhecemos rápido demais e o quanto sofremos com isso por sabermos a dor que vamos passar - é a ordem natural do universo; que não devemos ter medo da velhice e da morte, mesmo sabendo que esse medo pode definir nossa vida, o que objetivamos e desejamos para ela, por exemplo; e que quanto mais a gente ama alguém, mais temos a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, dolorosa e inevitavelmente, vamos perdê-la.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O dia em que a Terra quase parou





Ainda estou curtindo as férias, alguns passeiozinhos, algumas viagenzinhas, algumas idas ao clube, um pouquinho de tédio (culpa das chuvas! arghhh!...), e muito, muito sofá! E quando possível uma poltrona de cinema. Gostei de alguns filmes que assisti nas últimas semanas, mas os melhores foram na tela da tv mesmo. Pensei que ia começar o ano assistindo um daqueles filmões hollywoodianos, no entanto, não foi bem assim. Foi um tanto quanto decepcionante, pois escolhi O Dia em que a Terra Parou.

Sou muito fã de ficção científica, seja em filmes, em seriados ou em livros. Quando muito menino assisti pela televisão a versão original, lançada em 1951, filmado com muita sutileza por Robert Wise, provando que era possível realizar um filme de ficção científica sem monstros horríveis ou invasores destruidores, de maneira competente e séria. Pelo que me lembro foi justamente com este filme que virei fã do gênero. A produção original mostrava o alienígena Klaatu (uma espécie de policial intergaláctico) aterrisar na Terra para passar a mensagem de que a era atômica era um perigo para a humanidade. Lembro que fiquei aborrecido com a reação dos americanos ao tentarem matá-lo. E me lembro muito bem do tanto que vibrei ao ver como o robô Gort (foto), protetor do Klaatu, reagiu. E também ficou gravado na minha mente a frase dita por uma das personagens: "Gort, Klaatu barada nikto". O filme têm momentos de tensão e quando a nave e Gort apareciam parecia que haveria algum tipo de extermínio ou alguma surpresa chocante. Torci durante o filme todo para que Klaatu conseguisse convencer os humanos de um fim tão provável, que era preciso parar com as guerras e tudo mais (o filme foi lançado durante a Guerra Fria). Um filme indispensável para fãs ou não.

Já na refilmagem, quando vieram os créditos finais, inicialmente fiquei com a impressão de que haveria uma continuação, depois a ficha caiu e percebi que foi simplesmente um erro coletivo: do diretor, do roteirista e dos produtores. Um filme sem conclusão plausível, sem fazer a gente parar para refletir e pensar no que aprendeu. Mesmo sabendo que o fim do planeta não está tão longe assim se a gente não poluir menos e dar as nossas contribuições em tudo que consumir e se desfazer. Enfim, fiquei triste com a refilmagem de um clássico ser tão inferior.

Bom, não é de todo ruim, e quem não conhece o original é capaz de se impressionar em alguns momentos. A mensagem foi bem transmitida pelo Klaatu, dessa vez referindo ao mal que o ser humano está fazendo ao seu próprio planeta ("seu planeta?"), com suas devastações, poluições e guerras. O início tem ritmo e suspense. O robô Gort (agora bem maior e mais intrigante - felizmente optaram por deixar o robô com a mesma aparência do personagem visto no original) apavora e sente-se a impressão de que ele irá dar muito trabalho. Alguns pontos positivos devem-se aos ótimos efeitos especiais. Keanu Reeves mais inexpressivo e frio do que nunca (fácil para ele...). Jennifer Connelly, bonita como sempre, também está presente no filme, fazendo uma cientista que auxilia Klaatu, mas... Bem, pelo menos se saiu bem melhor que Kathy Bates, que faz o papel de uma representante do governo americano - nunca vi uma interpretaçao tão fraca por parte dela. Quem também está no filme é Jaden Smith, filho de Will Smith (ambos fizeram juntos o interessante À procura da Felicidade). O menino fez bem seu papel: chato, reclamão, desobediente. Faz a gente torcer para que ele leve logo um tapa bem dado!

Para finalizar: a tensão desta vez está por conta da decisão de Klaatu em exterminar ou não os seres humanos. Previsível. Pórem, não deveria parar por aí. Quem sabe, assim, não deixasse de ser apenas um mero passatempo.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Férias: ueeebaaaa!!!







Ueeeba!! Férias!! Janeiro, para mim não tem mês melhor para férias. Sei lá se é costume ou porque era o mês que eu mais gostava quando morava em Santos - vendo aquele monte de gente invadindo a cidade para mim era legal, gente nova, novas amizades, e ver a cidade cheia de gente até de madrugada, isso sempre me fascinou. Este mês estou nessa de fazer umas viagenzinhas, ler aquele livro que está na fila, curtir mais a família e por aí vai.

Em dezembro uma amiga me perguntou se eu tinha abandonado o blog ou eu estava de férias dele. Bom, admito que deixei o blog um pouco mais de lado do que de costume durante o mês passado. Não foi por estar de férias. Mas quase. Em dezembro, mês de festas e confraternizações, e isso faz lembrar o quê? Barzinho, restaurantes, pizzarias, happy-hour... ( ! ) Quem me conhece sabe o quanto tiro o estresse numa mesa de bar. Com motivos como os de dezembro então!! Mas não foi só isso, estava um pouco cansado de monitor de computador, meu negócio era outro monitor. Depois do trabalho, ou estava num barzinho, ou na frente da tv vendo documentários e alguns seriados que não costumo acompanhar. Filmes nem tanto. Assim como também fui pouco ao cinema. Mas agora estou de férias, agora sim! Então todas as coisas de que eu gosto praca, se multiplicam! Além de poder ficar mais tempo com minha família e curtir com ela as coisas que eu gosto.

No final do mês passado eu li Marley & Eu. Assim que acabei de ler, a Giulia me pediu para levar ela ao cinema para ver o filme baseado no livro. Não sem antes me perguntar como foi o fim da história. Tá. Até parece que ia contar o fim para ela. Tá bom... Ela teve que esperar até a semana passada para passar sua ansiedade.

Não tem como ver um filme de um livro que a gente já leu sem fazer comparações. Claro que não espero que o filme narre o livro integralmente, talvez num livro de poucas páginas ou de pouca expressividade narrativa isso seja possível. Também não vou contar aqui o que faltou ou o que foi acrescentado no filme. Ambos são bons, bem narrados e feitos para emocionar. Ganha quem ler o livro e ver o filme. Perde quem só assiste ao filme. E muito.

Primeiro vou comentar sobre o livro. John Grogan, o autor, inicia a narrativa contando sobre sua infância e como fez para escolher seu cão e um pouco sobre esse companheiro, até ter que sair de casa para estudar fora da cidade. Logo em seguida, ele nos conta como ele e sua esposa Jenny, jovens, apaixonados e começando a vida juntos, com poucas preocupações, até que decidiram adotar um cão. Um belo e conquistador filhote de labrador que rapidamente se transformou num cão enorme de 43 quilos. Aos poucos praticamente vivenciamos esse adorável e maluco arrombar portas, abrir buracos nas paredes, babar nas visitas e por toda a casa, estraçalhando sofás, almofadas, travesseiros e assoalhos, e abocanhando tudo o que conseguia. Nem os tranquilizantes e nem tampouco as aulas de adestramento foram muito válidos. Ele foi um cão muito hiperativo e para piorar muito indisciplinado. No entanto, impossível o leitor não embarcar junto com o autor e se apaixonar pelo Marley, pois ele, acima de tudo, tinha um coração puro e a sua lealdade era incondicional. Fiquei encantado com o cachorro a ponto de parecer que eu o conheci pessoalmente. O livro todo é bastante divertido e os capítulos finais são muito emocionantes. Recomendo.

Nem tão divertido ficou o filme. Porém, recomendo assim mesmo, pois muita coisa do livro está lá, algumas travessuras e maluquice do cão vai ter de deixar boquiaberto. No entanto, achei que ficou faltando encantamento. Faltou close no cachorro. Sempre evito ver um filme com expectativas, agradeço a mim por isso, assim não lamento demasiadamente. Achei que o filme seria mais centrado no Marley e não tanto em seus donos, em seus conflitos emocionais, na carreira jornalística de Jonh e numa determinada amizade. Não que essas coisas não sejam importantes, só acho que não deveriam ser o foco como não são no livro. Estranhei essa escolha do diretor, David Frankel, pois o último filme que vi dele, O Diabo Veste Prada tem muito mais ritmo. Notei que em Marley & Eu as cenas finais se arrastaram um pouco. Se bem que, se o objetivo de ser arrastado era para provocar choro na platéia, conseguiu. Inevitável pelo jeito, haja visto a quantidade de pessoas que vi deixarem o cinema enxugando os olhos meio que disfarçadamente. O filme é comovente e a amizade gerada entre todos da família com Marley é mostrada de forma simples e bonita.

Tanto o livro quanto o filme mostram lições de vida, como a que o autor mesmo comenta: para um cão basta um graveto e alguma demonstração de carinho, jamais vai se importar se o seu dono é rico ou pobre, feio ou bonito, e que a felicidade para ele é algo muito simples.



Márcio Luiz Soares