quarta-feira, 6 de maio de 2009

Wolverine







“Sou o melhor naquilo que faço, mas o que faço
não é nada bonito de se ver”
Logan/Wolverine


Eu gostei do filme X-Men Origens: Wolverine. E não foi apenas por ser fã do personagem. A diversão é garantida, apesar do longa ser um pouco fraco em um ou outro momento. E mais uma vez assisti com os olhos de cinéfilo e não com olhos de leitor de histórias em quadrinhos – nunca espero perfeição nas adaptações. Sei que é difícil separar e não comparar, mas tenho conseguido, relativamente. Ao menos enquanto estou na sala de cinema. Mesmo fazendo essa separação, sendo leitor de HQ fica mais fácil aceitar as cenas de ação que são pura marmelada. Como a grande maioria dos filmes de ação abusa nisso, então isso já se tornou passável. Mesmo se eu comparasse o filme com as diversas HQ do Wolverine, especialmente com a graphic novel que trata da sua origem, consideraria um bom entretenimento, com um ou outro furo do roteiro e algumas mudanças inaceitáveis para um fã do personagem.

O roteiro é muito movimentado, de muitas reviravoltas e alguns momentos inesperados. Gostei das diversas cenas de luta e de explosões (o filme tem ação quase o tempo todo) e da sensacional e vibrante interpretação de Hugh Jackman como Wolverine (também conhecido como Logan, ou, ainda, James Howlett, seu nome de batismo). Foi a quarta vez que ele interpretou o mutante e se superou desta vez. Faltaram as cenas de raiva pura em que ele dilacera tudo e todos pela frente, com muita violência e muito sangue, demonstrando todo seu aspecto brutal de antes de fazer parte do X-Men. Porém, isso não influencia muito na caracterização do personagem da franquia (da franquia cinematográfica e não da HQ) e nem quebra o ritmo do filme.

O começo é bem sombrio, e isso, sim, fez falta no restante da fita. Fez falta até mesmo quando Victor Creed (ou Dentes-de-sabre, vivido pelo ótimo Liev Schreiber) aparece em cena, junto com o clima de vingança e o cheiro da morte iminente (para dois personagens que possuem o poder de cura, isso nem conta muito). Aliás, Scheiber fez um personagem convicente: escroto, manipulador e malicioso. Sem falar do aspecto físico. Muito diferente daquele insosso e um pouco ridículo que aparece no primeiro X-Men.

O filme conta também com uma bonitinha e leve história de amor entre Logan e Silver Fox, musa que o inspirou a adotar o nome Wolverine; como surgiu esse nome; como o adamantium (o metal mais duro do universo da HQ) foi implantado no corpo do Logan; muita vingança; uma cena chocante (e apelativa) que envolve um casal de velhinhos; e uma relação complicada com o rancoroso Victor Creed, seu meio-irmão. A sequência em que estes dois vão passando por diversas guerras durante décadas, numa bacana montagem, é uma das melhores do filme.

Uma dica para quem pretende assistir ao filme no cinema: aguarde os créditos finais, porque tem mais uma cena do filme enquanto eles rolam (sempre que posso, espero até o fim). Na verdade, conforme me disseram, foram gravadas três cenas diferentes e infelizmente cada sala de cinema só passa uma delas. Ou seja, existem três “finais” diferentes. Fique tranquilo, pois nenhum deles compromete e obviamente fará parte dos extras do lançamento em DVD – é só aguardar.

sábado, 2 de maio de 2009

Maio




Maio
Já está no final
O que somos nós afinal
Se já não nos vemos mais
Estamos longe demais
Longe demais

Maio
Já está no final
É hora de se mover
Pra viver mil vezes mais
Esqueça os meses
Esqueça os seus finais
Esqueça os finais
Eu preciso de alguém
Sem o qual eu passe mal
Sem o qual eu não seja ninguém
Eu preciso de alguém

Maio
Já está no final
É hora de se mover
Pra viver mil vezes mais
Esqueça os meses
Esqueça os seus finais
Esqueça os finais
Eu preciso de alguém
Sem o qual eu passe mal
Sem o qual eu não seja ninguém
Eu preciso de alguém
Eu preciso de alguém
Sem o qual eu passe mal
Sem o qual eu não seja ninguém
Eu preciso de alguém

Maio, junho, julho, agosto, setembro
Outubro, novembro, dezembro

***
A canção Maio do Kid Abelha, para você curtir essa maravilha em duas versões: o clipe original e uma versão ao vivo. Clique nos dois e escolha o melhor. Eu fico com os dois.



terça-feira, 28 de abril de 2009

A fila anda





Hoje voltei para casa conversando com minha amiga Fabiana e falamos sobre o filme Ele não está tão afim de você. Ela concordou com todas as dicas dadas por um dos personagens masculinos, sobre como perceber se um cara está ou não querendo algo, nem que de leve, com uma mulher. Também vi o filme e, em parte, concordei com ela.

O filme é leve (embora um pouco longo para este gênero), uma comédia romântica gostosa, tem umas sacadas legais, não apenas do universo masculino, do feminino também. Tem a presença de diversos astros de Hollywood, como Drew Barrymore, Jennifer Aniston, Scarlett Johansson, Jennifer Connelly (que me valeram o ingresso) e Ben Afleck. O título já entrega o que veremos na tela: se os homens não ligam de volta para as mulheres, se não as procuram após uma conversa é porque não estão interessados. Que é melhor desistir, que não se deve ficar insistindo, esperando toda ansiosa – só vai ficar se enganando, se iludindo e a realidade espatifa no rosto de modo bem dolorido. Os conselhos são úteis para algumas mulheres, eu suponho.

O engraçado é que realmente me identifiquei com um dos personagens, aquele que mostra para uma das garotas que o cara que ela está querendo nada quer com ela - já me vi fazendo isso algumas vezes. Na verdade, é difícil não concordar com as atitudes e posicionamentos de determinados personagens diante de algumas situações. Como o interpretado pelo Ben Afleck que se recusava a casar, achando ser uma grande besteira desnecessária, que seu relacionamento de sete anos morando junto com a amada já provava isso. As pessoas, (pelo menos as mais vividas) enquanto assistem ao filme, reconhecem de imediato que uma coisa ou outra já aconteceu com elas ou com alguém conhecido, que já tomamos atitudes parecidas ou que deveríamos ter tomado, ou que um ou outro conselho elas ouviram ou deram. O filme não aprofunda tanto quanto deveria, pois não menciona aqueles homens que até dão um retorno, ligam de vez em quando papa papear, mas é para manter na lista numa hora de aperto.

Lembro que numa roda de bar, com diversos homens e mulheres, eu mesmo lancei a pergunta direcionada às mulheres: “Já inventaram desculpas no lugar dos caras que não estavam afim de vocês? Tipo: ah, ele não ligou porque deve ter perdido meu cartão ou teve que fazer uma longa viagem e esqueceu de pegar meu número, mas quando voltar será a primeira coisa que vai fazer; ou, ainda, ele esqueceu de tirar o papel, onde anotou meu telefone, do bolso da camisa que colocou na máquina de lavar”. E mais: “Confessem: não cogitaram situações que nada tem a ver com a mentalidade masculina?”.

Choveram respostas: cômicas (não podiam faltar), algumas até descabidas e impensáveis. A maioria concordou e foi exatamente pelo fato de desconhecerem o que se passa na cabeça de um homem quando o assunto é esse. Uma ou outra, bem safas, bem espertas, nunca caíram nessa.

De maneira geral, elas sabem muito sobre nós, nossas preferências, nossas fantasias, nossas fraquezas, mas vivem passando por situações desse tipo, até que caiam na real, que sofram bastante, iludidas. E algumas vezes por qualquer bobagem. Outras já passaram por isso, no entanto, voltam a bater o nariz na porta.

Filmes assim, ou livros que tratam deste tema, de forma divertida ou não, devem servir muito bem para um certo grupo de mulheres. Talvez para as mais inexperientes ou sonsas, mas, mesmo assim, encaro essas produções como um tanto quanto supérfluas (a não ser que sejam feitas apenas para divertir e explorar o cotidiano). Afirmo isso porque entendo que a própria vida vai ensinando, mesmo que se apanhe ou tenha que tropeçar várias vezes para aprender, como em diversas situações. Ou será que existem muitas mulheres que se enchem de esperanças eternas no mundo da paquera e do “ficar” em que a palavra de ordem atual é “a fila anda”?

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O tempo




O tempo não tem pressa,
não manda recado,
muito menos regressa,
na vida dos apressados.

O tempo não tem morada,
vive no espaço da humanidade,
não chora lágrima derramada,
nem dá um adeus pra saudade.

O tempo não tem sentimento,
é sempre justo e implacável,
não fala de aborrecimento,
tampouco é amável.

O tempo não conhece os fatos,
viaja ao lado do sol e da lua,
caminha na noite dos boatos,
e atravessa o dia na rua.

O tempo não conhece a natureza,
não trabalha e nem tem idade,
o tempo vive ao lado da tristeza,
e ignora a felicidade.

O tempo não para no porto,
não faz acordos com ninguém,
não apita na curva,
e jamais espera alguém.


Angelo Sansivieri

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Falta de ociosidade





Segunda-feira passada foi ponto facultativo no meu trabalho, como para muita gente. Aproveitando o feriado da terça-feira, muitos aproveitaram para emendar com o fim de semana anterior e viajaram. Gostaria de ter feito o mesmo, mas a grana curta me impediu. Outra coisa que me impediria, talvez, seria lembrar do estresse que passei em diversos feriadões. Devido ao trânsito, claro. Sendo assim, curti em Campinas mesmo.

Aqui não temos, infelizmente, as mesmas opções que São Paulo, por exemplo, e nem chega perto. Mesmo somando com as cidades da região. Mas até que, sabendo aproveitar, temos boas alternativas. No entanto, decidi aproveitar os dias por aqui de forma bem dividida. A vantagem é que no sábado começou o 1º Festival da Leitura de Campinas e eu passei uma boa parte do tempo lá, obviamente. O festival segue até o dia 26, próximo domingo. Apesar de ser nos moldes do festival que acontece em Paraty, está longe de se aproximar de uma comparação - mesmo com atrações semelhantes. É uma ótima iniciativa e torço para que ocorram outros festivais da leitura nos próximos anos. Encontram-se lá os diversos estandes de vendas de livros de todos os gêneros, assim como algumas apresentações em vídeos e as mesas de debate, entre outros atrativos bem interessantes. Checando a programação completa, sinto falta de mais autores renomados. De qualquer forma, vale a pena visitar. Desde que começou, só hoje não fui. O encerramento contará com a presença do Toquinho - essa eu não quero perder.

Também aproveitei para fazer outras coisas, nestes dias todos. Me lembrei, neste instante, da primeira pergunta dirigida a mim, hoje, por uma colega de trabalho. Ela quis saber se aproveitei para viajar ou se fiquei na ociosidade, descansando. Respondi: nem uma coisa, nem outra. Não que eu não tenha descansado, mas não fiquei parado. Se não estava no festival, estava no cinema; se não estava fazendo compras para um almoço ou jantar mais requintado, estava lendo; se não estava recebendo amigos em casa, estava fazendo visitas; se não estava caminhando, estava vendo filme na televisão. Não que ver filmes ou ler não se faça descansando, relaxando, mas também não posso chamar de ociosidade. Não é assim que considero. Só quando vem acompanhado de tédio. Aí é um Deus nos acuda. Felizmente, tenho conseguido espantar qualquer sinal disso.

Há muito tempo, não sei o que é ficar sem fazer alguma coisa. Claro que tenho meus momentos de reflexão, relaxamento, porém, são tão poucos e tão breves, que nem considero tanto. Dormir já me basta. Sou do tipo que quando acorda, não gosta de ficar fritando na cama. Logo quero fazer algo, ganhar tempo. Aproveitar. Afinal, o tempo é tão curto. Voa. Principalmente quando estamos nos divertindo. Sei que essa é velha, um clichê (diga-se de passagem), mas é o que quero dizer. Além de ser muito verdadeira.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Oras bolas!




Resolvi encher este Saco com outras bolinhas! Outra mudança, outra cara. Outras virão, tenho certeza. Gosto de mudanças. Mudo até de gosto. Só não gosto de mudar de casa. Foram bem poucas, mas todas me estressaram. Acredito que só uma não vai me incomodar: quando eu voltar para Santos. Isto é, se conseguir realizar antes de morrer. Há muito tempo que eu estava querendo mudar a cara deste blog. Já estava enjoado da outra. Até tem um visual que estou paquerando há tempos, mas vou deixar para depois.

Hoje foi engraçado. Entrei aqui para postar sobre cinema. Não é de hoje que estou querendo comentar o filme Watchmen. Porém, assim como nos outros dias, não tive o pique necessário. Olhei bem para a tela e decidi de sopetão: "Vou mudar a cara dele!" E pronto. "Que Watchmen, que nada! Vai ficar para depois, de novo! Só vou mudar a carinha dele e tchau".

No entanto, não seria justo com quem me escreveu nos últimos dias cobrando uma nova postagem - tanto nos comentários por aqui, como nas mensagens por e-mail e nos recados do Orkut. Então coloco umas palavrinhas e está tudo certo.

Não. Não está. Mas deveria. Ontem eu comentei com uma amiga, Vivien, que não estava conseguindo postar. Cheguei a digitar textos, procurar fotos, mas faltou o pique necessário. Nada parecia estar certo, nada ficava legal. Isso aconteceu diversas vezes - com comentários sobre Lost, Heroes, Operação Walquiria, com uma música, e uma ou outra coisinha que aconteceu comigo. Travava. Mesmo no feriado, descansado do trabalho. Logo desligava o computador e ia caminhar, ou ia ver tv, ou ia num barzinho, e muitos outros "ou's". A Vivien me reconfortou: com ela, blogueira assídua, também acontece isso.

Enfim, concluí que o legal é postar quando a gente tem vontade, quando acha que tem algo bacana para dizer, para mostrar. Exatamente como sempre faço. Aliás, é o meu jeito. Quando nada tenho para dizer, para comentar, para mostrar, fico quietinho no meu canto, calado. Só observando. Às vezes nem isso faço.

Bom, já chega. Foi só mais uma pitadinha de mim por aqui. Agora vou me preparar para assistir ao primeiro episódio da nova temporada de 24 Horas. Talvez um dia eu comente sobre este outro seriado que curto muito. Ou nunca.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Abril



Sinto o abraço do tempo
apertar
e redesenhar minhas escolhas
Logo eu que queria mudar tudo
Me vejo cumprindo ciclos gostar mais de hoje
e gostar disso
Me vejo com seus olhos, tempo
e espero pelas novas folhas
e imagino jeitos novos
para as mesmas coisas
Logo eu que queria ficar
pra ver encorparem os caules
Lá vou eu, eu queria ficar
Pra me ver mais tarde
sabendo o que sabem os velhos
Pra ver o tempo e seu lento ácido
dissolver o que é concreto
E vejo o tempo em seu claro escuro
vejo o tempo em seu movimento
Me marcar a pele fundo
Me impelindo, me fazendo
Logo eu
que fazia girar o mundo
Logo eu quem diria
esperar pelos frutos
Hoje conheço o tempo em seus disfarces
Em seus círculos de horas
Se arrastando feito meses
Se o meu amor demora
E vejo bem tudo recomeçar todas às vezes
Vejo o tempo apodrecer e brotar
e seguir sendo sempre ele

Me vejo o tempo todo
Começar de novo
E ser e ter
Tudo pela frente
Logo eu


***
A belíssima letra Abril, de Adriana Calcanhotto, na interpretação maravilhosa de Leila Pinheiro.
Que música! Que voz!